Resultados finais do Campeonato Mundial de Escalada

Pra quem ficou grudado no computador esse final de semana acompanhando as finais do Campeonato Mundial de Escalada em Paris, a impressão que ficou foi apenas uma: Fantástico! Foi realmente fantástico. O IFSC conseguiu organizar um Campeonato Mundial como nunca se viu antes na história da Federação, tudo para impressionar os observadores do COI que estavam presentes em Paris para avaliar mais uma vez as chances da escalada se tornar esporte olímpico. E o que eles viram foi um verdadeiro espetáculo de técnica, força, agilidade e doses cavalares de superação.

As finais de sábado e domingo tiveram cobertura e geração de imagens feita pela televisão francesa e tiveram status de “super evento”. Várias câmeras, em vários ângulos, gruas para acompanhar os atletas na parede de dificuldade, trilhos para seguir de perto os atletas da velocidade, e close nas mãos e pés dos escaladores, trazendo detalhes nunca antes vistos numa transmissão ao vivo. Foi um verdadeiro espetáculo, completado pela presença massiva do público francês que lotou o ginásio de Bercy.

No sábado aconteceram as finais do Boulder Masculino e da Dificuldade Feminina, e foi um dia de bicampeões, com Dmitrii Sharafutdinov e Angela Eiter repetindo o resultado do ano passado em Arco. A final do boulder começou aparentando que Dmitrii dessa vez não ia levar melhor. O primeiro boulder estava aparentemente fácil, e foi encadenado em flash por todos os escaladores, exceto Dmitrii, que precisou de 4 tentativas para completar o problema. Tudo parecia favorável para a vitória de Kilian Fischhuber, mas Dmtrii mostrou porque é o atual campeão mundial e foi o único a fazer em flash o terceiro boulder, que de longe era o mais difícil.   Tudo ficou mais fácil quando Kilian não conseguiu encadenar esse, e ai bastava apenas Dmitrii completar o quarto boulder para ser campeão. E foi o que ele fez, com bastante facilidade, garantido o bicampeonato e terceiro título mundial da carreira dele. Kilian Fischhuber foi o segundo e  Rustam Gelmanov o terceiro.

Na dificuldade feminina, as grandes favoritas eram obviamente a atual campeã Angela Eiter, a coreana Jain Kim e a austríaca Johhana Ernst. Mas quem chegou levantando o nível logo no início foi a francesa Charlotte Durif, que foi a primeira a escalar e foi bastante longe na via, assistindo Evgenia Malamid, Matilda Soderlund e Helene Janicot cairem antes do ponto alcançado por ela. A quarta escaladora a entrar na via foi justamente Angela Eiter, que progrediu bastante, caindo apenas na sequência final da via, faltando apenas 3 agarras para o top. A partir daí era torcer para que nenhuma das outras 3 escaladoras chegassem mais alto. Momoka Oda e Johanna Ernst não conseguiram, e faltava apenas Jain Kim, que foi mais alto do que todas as outras, menos de Angela Eiter. Assim “Angie” ficou com o bicampeonato mundial, o quarto da sua carreira, com Jain Kim em segundo e Johhana Ernst em terceiro.

O domingo estava reservado para a final feminina do boulder e a aguardada final masculina de dificuldade. A pergunta do dia era: veremos Anna Stöhr e Ramon Julian repetirem o feito de Dmitrii Sharafutdinov e Angela Eiter, ou teremos novos campeões? E a primeira resposta veio logo no boulder, com a surpreendente vitória da francesa Melanie Sandoz. Ela seguiu disputando com Anna Stöhr até o terceiro boulder, quando a austríaca não conseguiu top, deixando a francesa sozinha na liderança. Mas nesse boulder, Anna não só deixou escapar o título, com deixou ameaçada sua presença no pódium. Tudo foi decidido no último boulder! Melanie Sandoz não encadenou, e deixou ainda aberta a chance para Anna Stöhr reaver o título, mas para isso ela precisava do top flash! O top flash não saiu, e por pouco Anna Stöhr não fica de fora do pódium, não fosse por uma agarra bônus. Assim o boulder tem uma nova rainha, a francesa Melanie Sandoz, ganhando em casa, deixando a russa Olga Iakovleva em segundo e Anna Stöhr em terceiro.

Faltava agora apenas decidir o título da dificuldade masculina. Todos apreensivos para saber se mais uma vez Ramon Julian ia ficar com o primeiro lugar. O franco favorito na verdade era o japonês Sachi Ama, atual líder da Copa do Mundo de Dificuldade, mas também tínhamos o monstro Adam Ondra, de quem sempre se espera bastante. O primeiro a escalar foi o alemão Jorg Verhoeven, que ganhou a última etapa da Copa do Mundo, que caiu no que viria a ser O crux da via: uma passagem de teto complicada, que levava ao trecho final. Hyunbin Min do Japão e Romain Desgranges, da França, vieram em seguida, mas caíram ainda antes do teto. Então foi a vez de Adam Ondra, que escalou o primeiro trecho como sempre, com segurança e solidez incríveis, fazendo parecer que ele faria top. Mas não foi isso que aconteceu. Adam acabou gastando bastante força na passagem do teto, e acabou não conseguido fazer a virada para o negativo seguinte. Sean McColl foi o primeiro a ultrapassar o crux e seguir adiante no negativo final, caindo numa sequência de regletes pequenos. Então foi a vez de Jakob Schubert, que ano passado foi o campeão da Copa do Mundo, ganhando 4 etapas seguidas. E ele foi a “surpresa” da noite. Escalando muito bem Jakob cruzou a passagem de teto sem muita dificuldade e avançou além do ponto onde Sean McColl havia caído, ficando já bem próximo do top. Só faltava agora Ramon Julian. Será que veríamos mais um espetáculo do espanhol, fechando mais uma vez um campeonato mundial com top? Mas não foi isso que aconteceu. Ramon teve grandes dificuldade na passagem de teto, indo e voltando várias vezes, sem conseguir achar o movimento correto. Quando ele finalmente decidiu encarar o lance, já estava sem forças e acabou caindo, ficando sem o título e sem um lugar no pódium, que foi formado por Jakob Schubert em primeiro, Sean McColl em segundo, e Adam Ondra em terceiro.

Aqui devo fazer um pequeno comentário sobre o incrível trabalho dos routesetters nesse campeonato. As vias criadas por Adam Pustelnik e sua equipe beiraram a perfeição. Nada melhor se poderia esperar de um campeonato mundial. Tanto na via masculina quanto feminina, não vimos um escalador cair na mesma agarra, todos caíram em lugares diferentes da via, deixando espetáculo mais bonito e excluindo completamente a possibilidade de um desempate por tempo. E que venha agora o ano que vem, com a decisão do COI (que segundo comentários, ficou bastante impressionado com o mundial) e que a escalada possa estar nos jogos olímpicos de 2020, colocando o nosso esporte no seu devido lugar de destaque!

Resultados Finais

Boulder Feminino

1. Melanie Sandoz (FRA)

2. Olga Iakovleva (RUS)

3. Anna Stöhr (AUT)

Boulder Masculino

1. Dmitrii Sharafutdinov (RUS)

2. Kilian Fischhuber (AUT)

3. Rustam Gelmanov (RUS)

Dificuldade Feminino

1. Angela Eiter (AUT)

2. Jain Kim (COR)

3. Johanna Ernst (AUT)

Dificuldade Masculino

1. Jakob Schubert (AUT)

2. Sean McColl (CAN)

3. Adam Ondra (CZE)

Velocidade Feminino

1. Yuliya Levochkina (RUS)

2. Iuliia Kaplina (RUS)

3. Natalia Titova (RUS)

Velocidade Masculino

1. Qixin Zhong (CHI)

2. Libor Hroza (CZE)

3. Dmitrii Timofeev (RUS)

Paraclimbing

Amputee Leg Masculino

1. Urko Carmona (ESP)

2. Mineo Ono (JAP)

3. Craig Demartino (EUA)

Arthritis+Neurological Masculino

1. Manikandan Kumar (IND)

2. Raphael Nishimura (BRA)

3. Mathieu Besnard (FRA)

Visual Impairment B1 Masculino

1. Nicolas Moineau (FRA)

2. Kenji Iwamoto (JAP)

3. Mateo Stefani (ITA)

Visual Impairment B2 Masculino

1. Sho Aita (JAP)

2. Koichiro Kobayashi (JAP)

3. Simone Salvagnin (ITA)

Physical Disability Feminino

1. Frances Brown (GBR)

2. Silvia Giacobbo Dal Pra (ITA)

3. Valentina Kurshakova (RUS)

Visual Impairment Feminino

1. Dilyara Rakhmankulova (RUS)

2. Silvia Parente (ITA)

3. Giulia Poggioli (ITA)

Para os resultados completos, acesso o site oficial do IFSC.