Roberta Nunes: 10 anos sem a melhor escaladora brasileira

Hoje fazem exatos 10 anos que a escaladora paranaense Roberta Nunes, talvez a melhor escaladora que o Brasil já teve, faleceu em um acidente de carro nos EUA, aos 34 anos de idade. Ela estava acompanhada do seu namorado, o escalador americano Sean Leary, quando perdeu o controle numa curva e o carro capotou. Estúpido pensar que alguém que vivia nas montanhas, onde pelo senso comum é onde o risco de morte estaria, foi perder a vida em um “mero” acidente de carro. Foi uma perda irreparável para a escalada nacional, e até hoje Roberta é lembrada como um ícone do esporte no Brasil.

Roberta, que havia sido modelo e bailarina clássica, começou a escalar em 1993, à convite de amigos. A identificação com  a escalada foi instantânea e naquele mesmo ano Roberta já estava viajando pela Argentina e Chile para escalar. Daí provavelmente nasceu a paixão de Roberta por grandes expedições, que viria a ser sua marca com escaladora. Um dos grandes feitos de Roberta Nunes na escalada foi em 2002, quando ela acompanhada do venezuelano José Pereira, repetiu a via Afanassief (V+, 7B, A2+ em 1.300 metros de desnível vertical), na face norte do Fitz Roy na Patagonia argentina. A via estava sem repetição há 20 anos e Roberta foi a primeira brasileira a escalar uma via no maciço. Outros grandes feitos de Roberta foram a escalada da via Decadence Avec Ellegance (V+, A0-7C, E2 em 850 metros) em 1998, em Salinas no Rio de Janeiro em apenas 4 horas; a escalada da via Lurking Fear no El Capitan em Yosemite em 2005, uma via Grade VI (vias que necessitam entre 3 e 5 dias para serem feitas) em apenas 15 horas, enfrentando uma tempestade no meio da parede junto com Sean Leary, e se tornando a primeira sul-americana a completar o El Cap em menos de 24h; e a escalada dupla dos picos Guillaumet e Mermoz no Fitz Roy, junto com Sean Leary, em apenas 10 horas, mas retornando ao acampamento avançado à noite debaixo de uma nevasca. Roberta perdeu 4 quilos e precisou de 2 litros de isotônico para se reidratar.

Em 2010 a Sender Films lançou o curta Patagonia Promise, onde Sean Leary voltava à Patagonia para cumprir uma promessa à Roberta: espalhar suas cinzas no local. A Patagonia era o local que Roberta Nunes mais gostava e uma vez ela definiu o local com as palavras: “A Patagônia é mágica: para arriscar a vida tem que ser algo que te tira do lugar comum. É a oportunidade de viver uma fábula“. O curta você pode assistir abaixo, que foi liberado em 2014 após a morte de Sean Leary.

Fonte: Alta Montanha


4 comentários em “Roberta Nunes: 10 anos sem a melhor escaladora brasileira

  • julho 19, 2016 a 8:10 pm
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    Oi Neudson, só pra avisar que o curta passou na National Geo logo depois que foi feito, acho que em 2010, o Sean ainda estava vivo. Massa o texto… Viva a Robertinha, sempre! Abração aqui do Sul!

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    • julho 20, 2016 a 7:38 am
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      Oi Márcia, não sabia que tinha passado na NatGeo. Eu sei que o curta fazia parte da série First Ascent da Sender. Em 2014 ele só ficou disponível online de graça, em homenagem ao Sean. Obrigado pelo comentário!

      Abraço! 🙂

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  • julho 24, 2016 a 5:42 pm
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    Por que vocês nem citaram a conquista da maior via em granito aberta por mulheres na história da escalada mundial, a Hidrofilia, na parede Thumbnail da Groenlândia? http://desnivel.com/escalada-roca/hidrofilia-bigwallera

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    • julho 25, 2016 a 7:00 am
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      Wander, nem sempre dá pra ficar ligado em tudo. Aqui na verdade não é vocês, e sim só eu, exército de um homem só. Tento acompanhar as notícias e as vezes me escapa ou fico sem tempo de parar pra escrever. Foi o caso dessa notícia.

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