Resenha: Reel Rock 8

12
Dec
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Esse ano infelizmente não pude ir assistir a uma das apresentações do Reel Rock, que aconteceram em São Paulo e no Rio de Janeiro. Assim sendo, tive que aguardar até que o download dos filmes desse ano estivessem disponíveis (e o meu cartão de crédito fechar a fatura) para poder acompanhar a nova edição. E tenho que dizer que mais uma vez não me decepcionei. Com certeza hoje o Reel Rock reúne alguns dos melhores filmes de escalada produzidos, e vem mostrando acertado o caminho tomado pela Big Up e a Sender Films, de produzir filmes mais curtos, onde a história realmente é a base de tudo.

Na edição que está disponível para comprar em HD, vemos logo de cara que um dos filmes da mostra ficou de fora, que é o Stonemasters, sobre as gerações de escaladores do Yosemite. Pelo jeito o filme vai participar em alguns festivais ainda e não pode ser incluído. Uma pena. Mas os três outros que ficaram com certeza ainda valem o dinheiro pago, e já estaria de  bom tamanho mesmo sem a  inclusão de um presentinho dos produtores. Nos extras temos a versão completa de La Dura Dura, retomando a história do filme do ano passado, e incluindo as cadenas de Adam Ondra e Chris Sharma, no que pode ser a via mais difícil do mundo.

Yuji Hirayama em The Sensei

Yuji Hirayama em The Sensei

O primeiro filme do pacote principal do Reel Rock é o ótimo The Sensei, com Yuji Hirayama e Daniel Woods. A dupla, aparentemente muito dispare para estar no mesmo filme, se mostrou muito bem selecionada. A experiência e sabedoria de Yuji casou muito bem com a energia e a juventude de Daniel Woods, e rendeu uma bela história.

De início somos apresentados a Yuji, uma lenda viva da escalada mundial, que do alto dos seus 43 anos ainda busca um último desafio: uma linha jamais escalada no Monte Kinabalu em Borneo. Para ajudá-lo na tarefa, Yuji recruta Daniel, que ele enxerga como alguém com grande potencial. E como nos filmes de artes marciais, o jovem aprendiz passa por uma série de “testes” antes de realmente receber o convite para a expedição. Um dos testes é o boulder Hydrangea V15, que exibe uma verdadeira aula de como se filmar e editar uma cadena de boulder.

Com a parceria formada, a dupla segue para Borneo acompanhados de James Pearson e Caroline Ciavaldini. Enquanto Yuji volta para seu projeto, Daniel busca se adaptar a esse novo ambiente. Mais acostumado ao estilo leve de preocupações da prática do boulder, Daniel paga o preço do despreparo, mas é muito interessante de ver como ele ainda consegue se manter centrado e aproveitar a experiência. E talvez seja essa a parte mais interessante da história de The Sensei, Daniel Woods explorando e ampliando suas habilidades, conquistando vias, travando de medo em ficar pendurado numa corda, saindo da zona de conforto de ser o melhor boulderista da atualidade para tentar se tornar um escalador mais completo, com uma ajudinha do Sensei Yuji.

Hazel Findlay em Spice Girl

Hazel Findlay em Spice Girl

De Borneo o próximo filme nos leva para o Reino Unido, terra da cena de escalada mais “hard core” do mundo. Uma cena de escalada que é descrita como algo para quem tem “culhões”. E o fantástico do filme é ver que o protaganista é na verdade uma mulher, a escaladora Hazel Findlay, a nossa Spice Girl do título.

Se você ainda não conhecia Hazel, que já apareceu em alguns vídeos por ai, com certeza vai ficar com queixo caído com o que essa baixinha, loirinha, de vozinha aguda, consegue fazer. Num território dominado por homens, ela encara as assustadoras vias tradicionais inglesas com uma calma e controle mental de fazer inveja a qualquer marmanjo por ai.

Acompanhamos um pouco a história dela, de como começou a escalar, ainda bastante criança, com o pai, e o quanto isso formou sua mentalidade de escaladora. A filosofia dela é: “biologicamente nunca seremos mais fortes que os homens (…) mas não há razão para não sermos tão destemidas quanto, ou tão mentalmente fortes quanto os homens”. E ela leva isso à risca, se tornando a primeira mulher a escalar uma via de graduação E9. E aqui é só assistindo pra saber o que significa um E9.

Mas não contente em escalar muito na Inglaterra, no filme Hazel ainda leva suas habilidades para longe e resolve encarar uma grande parede no Marrocos, acompanhada da escaladora esportiva Emily Harrington e fazendo uma ascensão “ground up” com direito a bastante perrengue. Bela inspiração pra mulherada (e pro macharal também).

Ueli Steck e Simone Moro em High Tension

Ueli Steck e Simone Moro em High Tension

O terceiro filme do pacote principal é o High Tension, que conta a história do incidente envolvendo Simone Moro e Ueli Steck no Everest. Para quem estava desligado do mundo, esse ano Ueli e Simone quase foram linchados no Everest por um grupo enfurecido de sherpas, que acharam que eles desrespeitaram o grupo e as regras do Everest. O caso aconteceu durante uma tentativa de Ueli e Simone de fazer os dois cumes, Everest e Lhotse, em um mesmo ataque. Fazer cume no Everest, descer pelo colo sul e seguir de lá direto para o Lohtse sem retornar ao acampamento.

High Tension cobre os acontecimentos de forma bastante imparcial, sem se decidir muito sobre se Ueli e Simone estavam certos ou errados. Apesar da tensão no acampamento, algumas cenas ainda foram feitas da agressão por parte dos sherpas. Vemos Simone levar um belo tapa, chutes, e acompanhamos com ansiedade os sherpas arremessarem pedras contra a tenda onde Ueli está.

Além da situação em si, o filme leva um tempo também em mostrar a situação atual do Everest, tomado pelas expedições comerciais (a fila indiana com mais de 50 pessoas presas a uma corda Everest acima é de assustar), e como é a logística desse tipo de expedição. Com isso o filme meio que se coloca do lado de Ueli e Simone e atiça a discussão: existe espaço no Everest para escaladas independentes e ousadas?

Mas com certeza, a cereja do bolo do Reel Rock não está no filme principal, e sim nos extras. Em La Dura Complete, nós voltamos a Oliana e acompanhamos os esforços de Adam Ondra e Chris Sharma na La Dura Dura. Boa parte é quase uma reprise do filme do ano passado, com alguns novos depoimentos por parte dos dois escaladores, mas o final guarda o registro das duas cadenas, apresentadas quase sem cortes. Aqui é possível sentir toda a dificuldade da via, e analisar bem a diferença de estilo entre os dois escaladores. Ondra, apesar de magro, parece incorporar mais o estilo da “força bruta”. A afirmação do filme anterior, de que ele sobe como um foguete, fica clara na cadena, onde praticamente voa os primeiros lances até o primeiro crux. É impressionante a velocidade com que ele escalada. Já Sharma, parece muito mais compassado, usando mais de técnica para se posicionar bem e ficar nas agarras do necessariamente vigor físico. E é emocionante ver o final da cadena para os dois, duas emoções diferentes mas baseadas na mesma paixão. Realmente fantástico. Um registro para se assistir infinitas vezes.

O único senão do pacote do Reel Rock 8, foi a “enchida de linguiça” nos extras, com filmes que já puderem ser vistos gratuitamente na internet, caso dos dois boulders de V16 de Ondra, e o New Vision com Ueli Steck. Mas mesmo com essa pisada de bola, o Reel Rock 8 vale muito a pena (assim com valeram os anteriores) e é item indispensável na videoteca de qualquer escalador! Ficou com as mão suando? Então assista o trailer!

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Resenha: Exposure Vol. 1

2
Dec
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O novo filme do diretor Chuck Fryberger, Exposure Vol. 1, já está disponível para download e aproveitei para conferir a nova produção. A expectativa estava grande, já que o trailer estava de suar as mãos, e a última produção do diretor tinha sido o ótimo The Network, que trouxe uma abordagem diferente da tradicional do diretor.

Exposure, contudo, não consegue segurar o “hype” e fica bem abaixo do que se esperava pelo trailer, e de outras produções de Fryberger. Obviamente, todo o espetáculo de imagens que o diretor já havia mostrado nos outros filmes retorna nesse. As câmeras conseguem ângulos incríveis, sempre em movimento, criando tomadas de tirar o fôlego e conseguindo transformar até uma simples caminhada no deserto em algo épico. As “forçadas”  de barra com câmera lenta em situações completamente non-sense também estão lá, mas nada que já não se esperasse de Fryberger.

O filme apresenta algumas caras novas, como o escalador “dirtbag” Mason Earle e o jovem Cheyne Lemple, assim como famosos como Dave Graham e Matt Wilder, que tem o melhor trecho do filme ao retratar um pouco sua vida de casado e pai de família. Angie Payne também tem uma boa participação como única representante do sexo feminino. Mas o filme em si, se desenrola arrastado, com trechos desconexos, que acabam antes do clímax e deixam você com a impressão de “cadê o resto?”.

Não existe nenhuma linha narrativa mínima que una os diversos trechos. São apenas pequenos episódios colocados lado a lado formando um filme de 1 hora. Claro que isso não é problema nenhum. Um dos melhores filmes de escalada que eu assisti até hoje é o Dosage IV, e ele é completamente episódico, contudo era assim que ele se vendia. Já Exposure passa uma ideia de algo realmente insano, perigoso, pessoas em situação extrema, se expondo talvez a algum grande perigo. Mas ao assistir o filme você fica se perguntando o porque do título.

Exposure Vol. 1 não é um mau filme. Tem seus momentos. Mas fica longe de ser um daqueles filmes marcantes e que você TEM que ter na coleção. Se você é um viciado em filmes de escalada como eu, talvez valha a pena ter na coleção, mas não agora. Quem sabe daqui um ano ou dois, quando ele já não estiver custando $24,99.  E com certeza, depois desse, não vou ter pressa de assistir o Vol. 2, seja lá quando ele sair.

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Resenha: The Network

17
Apr
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Essa semana foi lançado o mais novo filme do diretor Chuck Fryberger , The Network, e o Desce daí, doido! já adquiriu sua cópia e conferiu o filme.

Depois de uma estréia promissora com Pure, e em seguida ter conseguido emplacar um dos melhores filmes de escalada feitos até hoje com Core, fica difícil manter o pique e cumprir as expectativas. The Scene, apesar de ser um bom filme, não teve a mesma energia de Core. The Network também não tem, mas por outro motivo, bem mais compreensível.

The Network foi divulgado como uma parceria entre a Chuck Fryberger Films e a RedBull, mas assistindo ao filme fica claro se tratar mais de uma encomenda da empresa dos energéticos ao diretor do que outra coisa. Isso fica patente pelo estilo, que deixou de lado os takes “nonsense” e as piadas internas do mundo da escalada, presentes em seus filmes anteriores, sendo substituídos por uma abordagem mais contida, documental.

Mas o fato de o filme ter sido encomendado não diminui em nada a sua qualidade. Na verdade acrescenta qualidades que os outros não tinham, embora tire um pouco do caráter “get psyched” mais presente em filmes como Core e Pure. O filme ganhou uma cara mais de documentário, partindo do pressuposto de que quem está assistindo o filme não sabe nada de escalada e nem nunca ouviu falar daquelas pessoas e seus feitos incríveis. É uma abordagem bastante interessante e que acaba amarrando bem a história, guiada pelo conceito da rede de atletas que se interligam, tendo como ponto de partida Kilian Fischhuber.

Kilian é claramente o protagonista da história. Todos os elos da rede se ligam a Kilian de alguma forma, e a escolha de Kilian também é clara: ele é talvez o atleta de escalada mais destacado patrocinado pela RedBull. Isso de forma alguma é ruim, já que Kilian é um grande escalador, tanto em competições quanto na rocha, o que confere momentos bem diferentes para o filme. Acompanhamos Kilian durantes etapas da Copa do Mundo de Boulder e no Mundial, sendo superado pela esquadra russa. E seguimos com ele para picos de boulder como Rock Mountain National Park e os Grampians. Também podemos ver algo que não vemos com frequência. Kilian Fischhuber escalando vias esportivas! Intermediando as cenas de Kilian, vemos alguns outros grandes nomes da escalada mundial, como Sean McColl, Daniel Woods, Paul Robinson, Dave Graham e Nalle Hukkataival, garantindo alguns bons momentos ao filme, com cadenas de vulto com o FA do Meadowlark Lemon V15 por Paul Robinson, o FA do Mystic Stylez V15 por Daniel Woods e a cadena do Big Paw V15 por Sean McColl.

No aspecto técnico, The Network mantém o nível dos anteriores. Trabalho de câmera preciso, bela fotografia, edição fluida e dinâmica, e belos gráficos para completar o pacote. O único porém da parte técnica é o uso um pouco frequente do zoom digital (zoom na edição), que acaba criando cenas com qualidade de imagem bem inferior ao resto do filme, desfocadas e pixeladas. Deixa até a impressão de que as famosas câmeras RED de 4k de resolução não foram usadas aqui.

No geral, The Network é um bom filme, bem no estilão OFF Films, indicado até para a galera que não conhece nada de escalada. The Network está disponível em download HD pelo site iClimb ao preço de $19,95 (cerca de R$40).

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Review: Chasing Winter

30
Jan
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Chasing Winter é a quarta produção da Prak Media de Paul Robinson (The Schegen Files, Welcome to The Hood, On The Circuit) e com certeza o melhor até agora. Usando o título como ponto de partida do filme, Paul Robinson explica que para cada atleta existe um patamar de temperatura e clima para se obter a melhor performance. Para os  boulderistas o ideal são os climas frios e secos, explicando o porque de viajarem o mundo “caçando invernos”. Mas essa explicação toda fica somente por ai (e no final do filme, numa tentativa de amarrar a história), sendo esquecida no restante da produção que se desenvolve como qualquer outro filme de boulder, com muitas cadenas e trilha sonora instigante.

Mas Chasing Winter consegue dar um passo a mais do que os filmes anteriores de Paul Robinson. Neste podemos pelo menos sentir o que é ir numa “trip” para o outro lado do mundo. Paul aproveita para colocar um pouco da cultura da África do Sul, com trechos onde eles visitam locais comuns de Cape Town, provando a comida típica do lugar,  por exemplo. Estão no filme também os momentos de descontração em casa, nos dias de chuva. O cozinhar a própria comida (onde Carlos Traversi aparece como o “chef” da casa), e até mesmo praticar outras atividades como o surfe, onde tanto Paul Robinson quanto Carlo Traversi mostram que como surfistas são ótimos boulderistas.

Quanto à escalada no filme, essa é filmada e editada com precisão. Aparentando estar usando equipamento de primeira, Paul Robinson consegue capturar grandes cadenas em imagens nítidas e bem compostas, que são muito bem acompanhadas pela trilha sonora muito bem selecionada, fugindo um pouco do 100% eletrônico. Algo digno de nota no filme, é o fato de Paul Robinson claramente assumir mais a postura de produtor e deixar que os demais sejam os destaques. São de Carlo Traversi as duas cadenas mais fortes (Paranormal Activity V14 e Mirta V14), ambas primorosamente filmadas e editadas, com uma trilha de deixar você querendo ir escalar na mesma hora, formando o clímax da primeira parte.

O outro grande destaque do filme é a pequena Ashima, que domina a segunda metade da produção. Aqui podemos ver o quão realmente Ashima é impressionante. Desde o  primeiro V11 flash feminino com o boulder Black Demon, até as cadenas dos boulders Fragile Steps e Steady Plums Direct, ambos V13. O filme deixa claro que Ashima só não escala mais forte por não ter alcance suficiente para a maioria dos boulders. Como diz Paul Robinson em determinado momento “quando ela ficar maior, não vai ter boulder que consiga pará-la”.

Com esse Chasing Winter, Paul Robinson se recupera depois do fraco On The Circuit e deixa de novo a esperança de grandes produções da Prak Media no futuro, ainda com muitos boulders fortes e cadenas incríveis, mas com espaço para um pouco mais de história.

Chasing Winter tem no total 55 minutos e está disponível em download HD (1,98 GB) pelo site 27Crags, pelo custo de $ 14,98 (aproximadamente R$ 30,00).

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Resenha: Brasil Vertical

20
Dec
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No começo da semana o escalador Felipe Camargo lançou o seu curta Brasil Vertical, que registrou algumas das suas cadenas durante o ano de 2012. O filme teve uma boa recepção pela comunidade escaladora, tanto daqui quanto de fora, e em poucos dias já ultrapassou a marca de 10mil visualizações no Youtube. Aproveitando esse sucesso todo, resolvi escrever uma pequena resenha sobre o que achei do filme.

Antes de tudo, vale ressaltar que essa resenha vai levar em conta que o filme é uma produção amadora, com poucos recursos, tendo centrada apenas em uma pessoa (o próprio Felipe) as tarefas de diretor, câmera, editor, designer e ainda por cima “marketeiro”, e mais importante ainda, que é a primeira experiência de Felipe Camargo com produção de vídeos. Dito isso, vamos ao que importa.

Felipe Camargo na Comando Vermelho 11a

Brasil Vertical (ok, o nome não saiu tão original quanto o planejado né, Felipe?) começa com Felipe falando sobre a sua oportunidade única de ter podido escalar fora com alguns dos melhores escaladores do mundo, e da sua motivação para fazer o vídeo, que era de mostrar a escalada brasileira (principalmente a escalada de vias difíceis) para os gringos. Depois dessa breve explicação o filme não perde tempo e já nos leva direto para São Bento do Sapucaí, onde vemos Felipe fazer a primeira ascensão de dois fortes boulders, Sal Bento V10 e Segundo Sol V13. Já dá pra ficar “psyched” só com a pressão que você vê ele fazer durante a cadena do Segundo Sol.

Deixando São Bento, Felipe entra pra falar um pouco da Serra do Cipó, de longe um dos melhores picos de escalada esportiva do Brasil. Aqui acompanhamos mais 3 FAs, das vias Hooligans 10c, Premonição 11b (a via mais difícil do Brasil na atualidade) e Comando Vermelho 11a; ganhando ainda o extra da via Poder Paralelo no Sítio do Rod, em Lagoa Santa. Aqui o claro destaque fica na cadena da Comando Vermelho, que percebe-se ter sido a que teve um maior material filmado, permitindo à Felipe chegar num ótimo resultado na edição, explorando as tentativas mal sucedidas, e os vários ângulos e closes da cadena, construindo assim muito bem a dificuldade da via.

De Minas vamos para o Rio de Janeiro, onde Felipe conta um pouco a história da Coquetel de Energia, via que foi por muito tempo a mais difícil do Brasil, e mais uma vez vemos um bom trabalho de filmagem e edição. Os ângulos foram muito bem escolhidos e os closes nos movimentos são precisos, chegando a causar aquela sensação esquisita quando ele aperta o reglete e se ouve (não sei se o som é disso mesmo, mas dá pra sentir) os dedos estralando. No final Felipe ainda inclui a tomada “real” da cadena, que por ter sido feita à noite não permitiu ser aproveitada para o filme.

No final das contas Brasil Vertical é um bom filme. O estilo escolhido, chamado pejorativamente de “climb porn”, caiu como uma luva para intenção de Felipe que era mostrar um pouco da escalada brasileira para os gringos e motivar os escaladores nacionais a escalar mais forte. As pausas na “ação” com os comentários ajudaram a quebrar o ritmo das cenas seguidas de escalada, renovando o interesse no que vem a seguir. Isso fica claro no final da sequência de Minas, onde mais uma via ali começaria a ficar maçante. Por ser o primeiro filme de Felipe nota-se que ele experimenta bastante na edição, nem sempre acertando, testando alguns recursos de correção de cor, como o “cut out” no final da Hooligans, e um recurso meio “picture-in-picture” para mostrar um “close”, que acabou não funcionando tão bem quanto um corte limpo teria funcionado. As imagens de arquivo poderiam ter sido melhor utilizadas, principalmente se tivesse usado o vídeo original da Coquetel de Energia e não a tela do Youtube, mas acabaram cumprindo o seu papel. No geral o filme foi bem filmado, com boas escolhas de ângulos e bom trabalho de câmera, feito em grande parte por amigos, e a edição de Felipe ficou muito boa, levando-se em consideração ser esse o seu primeiro trabalho. Obviamente nota-se alguns altos e baixos na parte técnica, tanto no vídeo quanto no áudio, mas que eram esperados devido aos poucos recursos do filme. Talvez a parte que ficou mais aquém do “conjunto geral da obra” foi o design gráfico dos títulos, que poderiam ter usado uma tipografia mais interessante e ter mantido um padrão  nos tamanhos e efeitos, e terem sido melhor posicionados na tela. Mas como o Felipe não é designer, eu relevo, mas deixando a dica para chamar um designer pra ajudar na próxima (tamo aí, Felipe!).

Para uma primeira produção o resultado ficou bem acima da média, e creio que com mais experiência Felipe Camargo pode acabar ficando muito bom nessa “brincadeira”, seguindo o exemplo do escalador Paul Robinson, que além de escalar muito, tem se mostrado muito bom na produção de vídeos.

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Resenha: Autana

3
Oct
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Uma montanha proibida e sagrada no meio da amazônia venezuelana, Leo Holding e Sean Leary na expedição e Alaister Lee registrando tudo isso. A julgar pela mistura e pelo ótimo resultado do filme anterior de Alaister Lee, The Asgard Project, poderia se dizer que mais um grande filme de escalada estava chegando. Mas não é bem assim. Autana não alcança o mesmo resultado de The Asgard Project, nem mesmo em seus melhores momentos.

O novo filme do diretor Alaister Lee começa com o trio da expedição, Leo Houlding, Sean Leary e Jason Pickles conversando em  uma praia do caribe venezuelano sobre as dificuldades que irão enfrentar para chegar até Autana. De cara já soa estranho eles estarem tendo uma conversa dessas naquele ambiente, e de forma tão descontraída. Mas o que incomoda mesmo é a sensação de cena completamente dirigida. Não se sente uma gota de espontaneidade, indicando que na verdade eles já sabiam tudo que iam fazer, estavam ali apenas explicando pra câmera. Daí o filme parte pra mostrar a jornada do trio até a montanha sagrada de Autana, atravessando rios, evitando os contrabandistas e a polícia, e tendo que participar de rituais xamânicos para conseguir a permissão de escalar a montanha, gerando uma sequência completamente dispensável de “livre interpretação visual” das viagens de Leo Houlding após tomar o famoso chá de Ayahuasca.

Desde essa primeira parte já começa a incomodar a falta de tensão no filme. Diferente de  Asgard Project, onde a todo instante se temia pela continuidade da expedição, aqui mais parece que eles estão num passeio, apesar de estarem indo para uma montanha isolada no meio da selva. Nem mesmo a lesão nos pés adquirida por Leo Houlding, serve para acrescentar alguma dose de preocupação, tanto que ela é completamente esquecida no decorrer do filme e em nada  interfere na escalada.

As cenas de escalada são sim muito boas. A parede é linda, e as imagens capturadas pela câmera de Alaister Lee continuam fantásticas. As cavernas gigantes que existem no meio da parede são algo realmente incrível e apresentadas com toda a grandiosidade que elas merecem. Mas fora isso, mais uma vez vemos uma escalada sem emoções, sem contratempos, sem perrenques, tudo que se esperaria de uma escalada dessa natureza. O filme termina e você fica com a impressão de que foi tudo muito fácil para eles, tudo saiu como planejado. E talvez tenha sido. Talvez a idéia de ir até Autana tenha sido de se meter em um grande perrengue que acabou não se concretizando, gerando um filme morno, e que não vai ficar na lista dos melhores filmes de escalada já feitos.

Autana está disponível em download HD através do site da Posing Productions e custa o equivalente a salgados R$ 44,00. Adquira a seu próprio risco.

 

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Resenha: The Abyss

21
Sep
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Nos últimos meses uma série de “teasers” virais da Louder Than Eleven fizeram um belo trabalho de levantar o “hype” da sua próxima produção: The Abyss. Pouco se sabia do que viria a ser o projeto, mas tendo por trás a incrível qualidade técnica da equipe, com certeza a vontade de que fosse logo lançado era grande. E essa semana finalmente o filme, mais uma vez liberado de forma gratuita, e é claro que eu tirei um tempo pra assistir e fazer uma pequena resenha.

O filme tem foco no desenvolvimento de um novo pico de boulder no Colorado, na região do Monte Evans, local onde os boulderistas americanos vão escalar quando chega o calor, devido a grande altitude do local, oferecendo assim temperaturas mais amenas. O nome do novo pico, é obviamente, The Abyss, um local que parecia escondido e que foi encontrado por acaso pelos escaladores Jon Glassberg e Rich Crowder. O pico era tão fantástico, que era praticamente impossível ninguém jamais ter estado ali.

Enquanto filme de boulder, The Abyss é muito bom. Como sempre, a equipe da LT11 consegue captar muito bem a prática do boulder, com belas tomadas, closes precisos nos movimentos chaves, e belas panorâmicas. O filme consegue deixar você “psyched” (na falta de palavra melhor no português) e isso é o que importa em um filme como esse.  Se o filme fosse somente isso, seria quase perfeito.

Mas os caras quiseram inserir conteúdo na produção, e tenho que dizer que não deu muito certo. A tentativa de fazer uma discussão “ética” no filme, soou forçada e sem sentido, e em vários pontos, mais com uma justificativa ou tentativa de legitimar algo que fizeram. A “grande” discussão do filme é: manter ou não manter um pico novo em segredo? E para falar sobre isso o filme traz pequenos depoimentos de vários escaladores, incluindo ai Joe Kinder e Chris Sharma. No começo os depoimentos parecem apontar na direção de que não, não é legal manter um pico em segredo. Mas a medida que o filme avança fica clara a premissa de que não tem problema fazer isso, contanto que você esteja desenvolvendo o pico. Contudo, a impressão geral que fica é mesmo a de que os caras descobriram o pico, mantiveram entre eles o tempo que conseguiram por puro ego mesmo (fazer os melhores FAs), alguém reclamou, e eles usaram o “poder da mídia” pra trazer a comunidade de escaladores pro lado deles.

Minha opinião? Achar um novo pico, seja de boulder, esportiva, ou tradicional, e manter ele só pra você (e seus amigos mais próximos) mesmo que seja com o intuito de desenvolver o local, é atitude egoísta  e ponto final.

Tirando isso, The Abyss é um bom filme, e vale a pena ter na coleção, ainda mais sendo de graça. Confira abaixo o filme na íntegra, e faça o download pelo site: http://abyss.lt11.com/

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Resenha: Montanhistas Episódios 1 a 5

22
Aug
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Finalmente eu consegui tirar o atraso e assistir aos episódios da nova série de escalada, produzida pela Ciranda Filmes para o canal Off. Como eu não tenho TV por assinatura em casa, o jeito foi pedir para o meu irmão gravar os episódios para eu ir assistir quando desse, e ontem foi esse dia.  Tive como companhia o meu sobrinho de 3 anos, que quase não me deixava prestar atenção na TV, e que quando olhava pros caras escalando soltava logo um: “Ele vai cair!”; ao que eu respondia que não ia, e ele replicava dizendo que ia. Com certeza vai precisar ir escalar comigo mais tarde pra perder esse medo.

Episódio 1 – Totem

O primeiro episódio da temporada nos apresenta aos protagonistas da série, os escaladores Hugo Langel e Bernardo Rubim (Biê). A cena de abertura é de deixar qualquer escalador que não mora no Rio de Janeiro doido pra se mudar pra lá na mesma hora. Uma panorâmica do Rio com a narração de Hugo Langel dizendo o quanto ele é abençoado por morar no Rio e poder começar o dia cedinho com uma escalada e depois ir para o trabalho, um privilégio que só mesmo a cidade maravilhosa oferece. E essa vai ser a tônica da série até aqui, mostrar a escalada do Rio de Janeiro como algo único, que não se encontra em nenhum outro lugar do país ou do mundo. E eu tenho que concordar, realmente não existe.

Nesse primeiro episódio a ação se concentra na via Totem no Pão de Açúcar, uma das vias tradicionais mais difíceis e bonitas do Rio de Janeiro. Quem é escalador se identifica logo com a dinâmica da dupla quando eles entram em cena, afinal de contas estamos assistindo ali o que a maioria de nós faz todo final de semana. Chegando na base da via, as velhas e boas discussões sobre quem guia primeiro, quantas costuras levar, quais móveis levar, mas no meio dessa conversa entra uma tentativa de explicação de equipamentos, que fica parecendo meio fora de lugar, talvez pela tentativa de disfarçar a explicação como se fizesse parte da conversa normal de um escalador. Ficou parecendo um pouco quando os atores da globo fazem “merchan” de produtos nas novelas tentando inserir os mesmos na cena. Não encaixa.

Mas logo começa a escalada e ai somos agraciados com cenas de escalada que nada deixam a desejar para produções gringas. Bom trabalho de câmera, buscando quando possível ângulos inusitados (como uma tomada com a câmera dentro de um buraco). A edição faz muito bem seu trabalho (aqui fica os parabéns para um dos editores, meu amigo Caio Gomes), conferindo o ritmo necessário e mesclando bem as cenas da escalada com os depoimentos dos escaladores. Nesse momento é só curtir a via e o visual junto com o Hugo e o Bernardo.

Episódio 2 – Pedra da Gávea

No segundo episódio, Hugo e Bernardo convidam uma amiga, Adriana, para participar da escalada com eles, uma das mais clássicas do Rio de Janeiro, a Travessia dos Olhos na Pedra da Gávea. Logo de cara o que eu notei de diferente nesse episódio foi a abordagem completamente nova em relação às explicações. Acho que eles perceberam que no primeiro episódio ficou estranho e resolveram assumir o lado didático do programa. Pra mim ficou bem melhor assim. Ficou como se você estivesse numa escalada guiada com os caras, com eles dando os toques aqui e acolá. Nesse episódio algumas explicações sobre o Grigri e porque a sapatilha é apertada tiram as dúvidas dos “não iniciados”.

Como sempre, belíssimas tomadas da escalada. E nem poderia ser diferente, já que o visual da Pedra da Gávea é um dos mais fantásticos do Rio: de um lado Barra da Tijuca e Jacarepaguá, do outro a Zona Sul. A participação da Adriana deu uma dinâmica interessante. Os depoimentos dela contribuíram de forma bem orgânica para o episódio, servindo como um meio termo entre aqueles caras e a pessoa comum que nunca escalou (ela confessa ter medo de altura e medo de cair, mas escala). É dela um dos comentários que são praticamente um clichê na boca de qualquer escalador: “o escalador tem dois prazeres, chegar no final da via e tirar a sapatilha”. Mais autenticidade do que isso, impossível. Espero ver outros convidados em breve.

Episódio 3 – Highline na Pedra da Gávea

No terceiro episódio continuamos na Pedra da Gávea, e vamos acompanhar a dupla em uma das especialidades do Hugo Langel, o highline. Pra quem já assistiu a série First Ascent, ver o Hugo andando esse highline não é novidade, já que era ele quem acompanhava os escaladores americanos Sean Leary, Renan Ozturk e Cedar Wright no episódio em que o highline na Pedra da Gávea aparece. O que esse episódio entrega de novidade é como é armado o highline. Sabe aquela pergunta que sempre fazem: como é que eles passam a ponta pro outro lado? Pois é, aqui eles mostram, e não tem muito segredo. Com o highline armado, é mais uma vez um show de imagens de tirar o fôlego.

Depois do highline, é a vez do salto de wingsuit. Hugo explica o equipamento, o que é o wingsuit, quem foi o pioneiro da brincadeira na Pedra da Gávea, e se prepara para o seu salto. De cara se nota a diferença da abordagem sobre qualquer outra produção que mostra basejump que você tenha assistido. Aqui não é simplesmente se jogar , gritar “uhuuuu” e pronto. A edição faz questão de mostrar toda a concentração e tensão antes do salto. Mostra que o negócio não é brincadeira e nem é pra todo mundo.

De todos os episódios até aqui, talvez esse seja o que pecou mais em relação ao ritmo. Talvez  por não ter muita coisa para mostrar e as cenas acabarem ficando meio repetitivas em alguns momentos. Mas ainda assim, um bom episódio.

Episódio 4 – Via Urbanóide

No quarto episódio a bola da vez é a via Urbanóide, no Morro do Cantagalo, cercado de prédios por todos os lados. Comprovando que a parte didática foi realmente assumida pela produção do programa, mais uma vez vemos os toques do Hugo e do Biê sobre equipamento, procedimento. Nesse eles falaram sobre o nó oito e o uso do capacete antes de partir pra via, com alguns comentários sobre exposição, paradas. Tudo bem básico, mas bem interessante. O legal desse episódio foi ver pela primeira vez os caras com cara de quem tavam “perrengando” na parede. Começa com o Hugo reclamando da primeira chapa alta, e automaticamente você sente aquele frio na barriga característico quando você se prepara pra encarar um lance exposto.

Eu não conhecia, nem nunca tinha ouvido falar da Urbanóides, e o episódio me deixou realmente com vontade de repetir a via. Escalar cercado de prédios deve ser uma sensação completamente diferente. Escutando as pessoas conversando em suas casas, como comenta o Hugo em determinado momento. Confesso que fiquei esperando alguém gritar de um prédio próximo: “Desce daí, doido!”, mas não foi dessa vez. Essa foi a primeira vez que vimos a dupla rapelar pra descer de uma via, embora sem muitas explicações sobre o procedimento. Mais um ótimo episódio!

Episódio 5 – K2

O último episódio que foi ao ar enfocou uma via super clássica do Rio de Janeiro, a K2 no Corcovado. Dessa vez a lógica se inverteu um pouco, e o Hugo que sempre guiava a primeira, deixou a saída por conta do Biê, que ficou fissurado pra guiar o diedro inicial. A escolha da dupla foi deixar de lado os grampos e proteger o diedro somente com móveis, o que render uma breve explicação do funcionamento do equipamento. O legal desse episódio pra mim foi (re)ver a via que eu cheguei a entrar, mas não continuei. Na minha última trip para o Rio o tempo não ajudou muito, e tive que abortar a escalada ainda no diedro inicial.

Pra quem nunca fez a via e tem vontade de fazer, é praticamente uma aula de como fazer a K2. Pontos que antes a gente só ouvia falar, como o famoso lance do palavrão (que eu achava que era logo depois do primeiro diedro), ficaram bem evidentes e não pareceram tão difíceis, mas vai saber né? Rola até uma “trolagem” do Hugo com o Biê, indicando o local onde ele vai bater se cair no lance. Deu pra dar umas boas risadas nesse episódio.Obviamente que o melhor da via, é o final. Chegar aos pés do Cristo Redentor escalando, é um privilégio que só nós temos.

Fazendo um balanço dos 5 episódios até aqui, a série Montanhistas tem mostrado muitos mais acertos do que erros. A abordagem a seguir pareceu meio indecisa no começo, mas agora para ter se firmado. Como escalador gostaria de ver algo realmente mais voltado para nós, com vias um pouco mais desafiantes, talvez um pouco mais de perrengue, mas de certa forma entendo a escolha por um caminho menos hermético, que do ponto de vista de difusão do esporte é bem mais eficiente. A qualidade técnica é incontestável, tanto no trabalho de direção e fotografia, a cargo do idealizador Seblen Montovani, quando a parte de edição a cargo da equipe da Ciranda Filmes. A série está se mostrando instrutiva e divertida, tanto pra quem escala, quanto pra quem nunca escalou na vida. Mas o grande destaque mesmo fica por conta da dupla escolhida pra protagonizar a série. Hugo e Biê esbanjam simpatia e bom humor durante todo o programa, sem contar que deixou transparecer o entrosamento e a amizade que fazem parte de qualquer parceria de escalada.

Hoje vai ao ar o sexto episódio da série, que vai sair agora da capital carioca e visitar a Pedra do Elefante, na região serrana do Rio, e vai ter como convidado o escalador Ralf Cortês. Fica ai então a dica, pra acompanhar os próximos episódios e conferir as reprises dos que já tiverem passado.

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Resenha: On the Circuit

30
May
sem betas
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O que você esperaria de um filme de escalada com Dave Graham, Daniel Woods, Paul Robinson e Carlo Traversi? No mínimo, várias cadenas de boulders irados pra deixar qualquer um com a mão suando. Mas infelizmente não é isso que a Prak Midia (The Schegen Files e Welcome to the Hood) entrega no seu mais recente lançamento, On the Circuit.

O filme tenta partir da premissa de mostrar o “circuito” normalmente frequentado por esses monstros em RMNP. Mas a decepção fica por conta dos boulders que fazem parte desse “circuito”, no geral pouco estéticos e sem muito apelo. A única exceção fica por conta da cadena do boulder Paint it Black V15, por Paul Robinson. Tecnicamente, a edição é simples, a câmera raramente fica parada em um tripé (decisão de estilo?!), a captação do áudio é ruim (algumas vezes o barulho do vento no microfone é tão alto que chega a incomodar) e a impressão que fica é que o vídeo poderia ter sido feito por qualquer um, em um final de semana qualquer, pra mostrar pros amigos enquanto toma uma cerveja. A única diferença é que ali estão monstros do bouldering.

Se tem algo de interessante em On the Circuit é o fato de mostrar um pouco do lado menos “glamouroso” da vida de escaladores de elite. A gente vê um pouco deles ralando, procurando os boulders, visualizando as linhas, falando besteira, e em lugares que passam longe daquelas paisagens de papel de parede de computador. Tirando isso, o filme não tem nada de muito interessante e realmente não empolga. De tanto não empolgar, chega a ser ultrajante aquela mensagem contra pirataria no início do filme. On the Circuit é a prova viva de que só “hype” na internet sem um produto final à altura não vai muito longe. Ainda assim, fico na torcida para que a Prak Midia acerte a mão no próximo.

Pra quem quiser adquirir o filme pra ter na coleção, ele está disponível para download HD pelo site 27Crags, e custa $ 9,99 (em torno de R$ 20,00). Deixo com vocês o trailer, que engana um bocado…

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Resenha: Welcome to the hood

18
Apr
sem betas
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O que acontece quando 4 dos melhores boulderistas do mundo se juntam para escalar? No mínimo, muitas cadenas. E é exatamente isso que você vai encontrar no filme produzido por Paul Robinson focado na trip pela europa acompanhado de Daniel Woods, Guntram Joerg e Andy Gullsten. O filme segue bem a linha que ficou pejorativamente conhecida como “boulder porn”, que é basicamente aquele filme focado somente em mostrar as cadenas, cada uma mais incrível que a outra, tudo embalado por muita música eletrônica ou qualquer outro estilo bem acelerado. Não, eu não tenho nada contra esse estilo. Por mim eles são muito bem vindos, já que tem dias que tudo que você quer é só ver um bom vídeo de escalada pra ficar na pilha, ou “psyched” como dizem os gringos. E Welcome to the Hood cumpre bem esse papel.

Acompanhando o quarteto em Fontainebleau, vários picos na Suiça e também na Austria, a coletânea de cadenas capturada em vídeo parece ter buscado focar não tanto nos boulders mais fortes (no final das contas tudo que eles fazem é extremamente forte) mas nos boulders mais “estéticos”, com movimentos mais interessantes. Cada escalador ganha durante o filme seus momentos de destaque, onde em uma pequena entrevista falam sobre sua maior realização durante  a trip. No caso de Andy Gullsten é a cadena do boulder Anam Cara V14/15 e para Guntram Joerg é o clássico Big Paw V14/15. Mas obviamente as estrelas do filme são Paul Robinson e Daniel Woods.  De Paul Robinson temos a chance de ver a repetição do boulder Super Tanker V14 e a primeira ascensão de Traphouse V14.  Mas a cereja do bolo ficou mesmo com Daniel Woods e a cadena em flash do boulder Entlinge V14/15.

Acho que uma falha que eu posso apontar no filme, é o fato de ele não ter um clímax. Apesar de ir subindo aos poucos os graus dos boulders, os do final não recebem um tratamento diferenciado na edição ou na trilha sonora, o que acaba não dando a “dica” de que o filme está chegando no fim. Tanto que a minha reação quando os títulos começaram a subir foi de total surpresa. No mais, o filme é muito bem editado, bem filmado e os títulos ficaram bem interessantes, apesar de às vezes ficarem meio ilegíveis.

Se você é boulderista e/ou gosta desse estilo de filme, vale a pena adquirir e ter na coleção. O filme, que tem 38 minutos de duração, pode ser adquirido em download HD por $10,99 (em torno de R$20,00) pelo site 27Crags. Na dúvida, confira o trailer abaixo.

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