Campeonato Brasileiro de Escalada pode não acontecer esse ano

13
Sep
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Depois de ter no ano de 2012 um dos melhores anos em termos de competição (se não, o melhor) com direito a três fantásticas etapas do Brasileiro de Boulder, esse ano as coisas foram bem diferentes. Para pior. Em um comunicado “extra oficial” o coordenador de competições da CBME, Pedro Leite, informou que não foi possível fechar, até a presente data, um calendário para o Brasileiro de Escalada 2013, pois nenhuma federação se mostrou interessada em sediar as etapas. Seriam um total de quatro etapas, sendo duas de boulder e duas de dificuldade.

Enquanto entusiasta das competições, foi uma notícia bastante triste de ouvir. Ano passado tive a oportunidade de participar de duas das etapas do Brasileiro de Boulder e esse ano planejava participar novamente. Uma pena que não se tenha conseguido chegar a um calendário. Resta agora saber as causas para isso ter acontecido.

Etapa do Brasileiro de Boulder 2012 no Rio de Janeiro

Eu não sou nenhum “expert” em organizar competições, nem acompanhei os tramites internos da CBME para esse ano de competições, mas tive acesso aos informativos que foram repassados para as Federações com as regras para sediar uma etapa. O manual veio bastante detalhado, e me pareceu bastante profissional. No entanto, e não posso afirmar categoricamente que essa foi a causa principal da adesão zero das Federações, mas me pareceu que tudo recaiu demais nas costas destas, que além de terem que pagar as taxas para a CBME para receber a etapa, ainda teriam que arcar com todos os custos de organização. Ficou com cara de “te vira”, e vamos ver o que acontece. Não creio que essa tenha sido a postura da CBME, já que não acredito que o Pedro Leite assumiria uma posição como essa após ter se dedicado tanto para fazer a competição acontecer ano passado. Não sei se houve falta de comunicação, se o modelo foi discutido com os interessados, mas o fato é que não vingou.

Todos sabemos que para fazer uma competição acontecer é necessário duas coisas principais: atletas que queiram competir e dinheiro para organizar as competições. Claro que tem muito mais coisas, mas sem dinheiro e sem atleta, não acontece competição nenhuma. A primeira parte me parecia resolvida. Os atletas estavam motivados e empolgados por conta da ótima temporada de 2012. Já a segunda, continuava sendo um problema. No momento em que as Federações tiveram que bancar tudo, com certeza o caldo entornou, o leite azedou, e o negócio não andou. Claro que ninguém queria uma competição no nível de 2012, que teve um baita investimento da Adrena (que para quem não sabe, pertence ao Pedro Leite), praticamente sem expectativa de retorno. Com certeza poderíamos ter algo mais dentro da nossa realidade, com as academias recebendo as etapas das competições, já que o principal investimento ano passado foi com a estrutura do muro. Mas ai vem a pergunta: em que pé ficou a participação das academias? Temos várias academias aptas a receber essas etapas do Brasileiro, tanto em boulder quanto dificuldade. Elas se mostraram interessadas em sediar as etapas, procuraram as Federações dos seus estados? Para o quadro que se desenhou, ou não procuraram ou as Federações fizeram com estas o que a CBME parece ter feito com as Federações.

Então qual o problema? Não sei. Mas me parece que rolou um jogo de deixa com o fulano, que deixa com o cicrano, e ninguém quis assumir o pepino de organizar uma competição. Me parece que faltou realmente os três principais agentes para a materialização das competições: Confederação, Federações (e porque não incluir ai os clubes e associações também) e as academias trabalharem juntos, seja financeiramente e/ou com organização. Ainda torço para que esse ano aconteça pelo menos uma etapa de cada modalidade, e a CBME tem pedido que os interessados entrem em contato, mesmo com o prazo vencido. Se vamos ter etapa esse ano, ou se vamos ter uma situação melhor ano que vem, só nos resta esperar.

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O longo caminho de volta

12
Aug
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Não sei se vocês sabem, mas eu estou lesionado já faz praticamente três meses. Depois de um longo ciclo treinando pesado eu acabei sentindo um certo desconforto no ombro direito, ao qual acabei não dando muita bola. Resultado? O desconforto evoluiu e virou dor. Não chegou a ser algo muito grave, desenvolvi uma tenossinovite na cabeça longa do biceps, que vem incomodando desde então não me permitindo escalar.

Como eu já lesionei duas vezes o mesmo ombro anteriormente, resolvi tirar um tempo distante dos treinos e da rocha, e tentei me tratar sozinho. Como não enxerguei resultados procurei um ortopedista, e acabei fazendo fisioterapia. Mas como das outras vezes, é frustrante fazer tratamento com profissionais que não entendem a atividade que você faz, e nem se dão ao trabalho de tentar entender. Uma dica interessante que acabei lendo em um texto norte-americano, é sempre levar imagens, vídeos, de preferência seus, para mostrar ao médico exatamente o tipo de esforço que você faz. Ficou anotado caso necessite de uma próxima vez (que eu espero não precisar).

Ainda via demorar um tempinho pra voltar a fazer isso ai (ou quase)

Ainda via demorar um tempinho pra voltar a fazer isso ai (ou quase)

Depois das sessões de fisioterapia, sentindo até uma certa piora nas dores, resolvi mais uma vez deixar de lado e tentar outra vez sozinho. A internet foi de grande ajuda nisso tudo, pois consegui ver bastante relatos de escaladores com lesões semelhantes e alguns exercícios que poderiam ajudar. Passei a fazer exercícios de fortalecimento do ombro com a Theraband dia sim, dia não, e aplicando gelo no local todo dia, pelo menos duas vezes ao dia. Quando senti o incomodo diminuir bastante, resolvi voltar ao muro de leve. Apenas travessias bem fáceis, fechando sempre com alongamento e os exercícios de fortalecimento. E parece estar surtindo efeito.

Esse final de semana escalei na rocha depois de praticamente três meses. Só fiz vias mais fáceis, sexto grau no máximo, e não senti nenhuma dor enquanto escalava. Um bom sinal. O incômodo aparecia somente na hora de fazer a segurança, motivo pelo qual já vou avisar que não vou fazer seg para ninguém da próxima vez (melhor desculpa que eu já consegui para fugir da seg :P). Foi legal voltar, sentir que ainda não estou fazendo tão feio, a técnica ainda está lá e o psicológico nem estava dos mais ruins. Só apanhei um poquinho pra fazer um sextinho bem técnico, meio aderência, com uns abaulados meio nojentinhos. Mas de resto, me senti bem escalando.

Boulder por enquanto está fora de cogitação. Os movimentos exigem demais do ombro e tentar fazer boulder agora só vai atrapalhar a recuperação. Vou tentar ficar nas vias por enquanto, sem exagerar também, até não estar mais sentindo dor ou incômodo algum na articulação. E mesmo quando parar de doer ainda vou dar um tempo antes de voltar a treinar mais forte ou fazer boulder. Mas aos poucos eu vou voltando. Dentro dos limites, sem exagerar. E assim eu vou trilhando esse longo caminho de volta para a escalada, pra quem sabe entrar numa nova fase mais cuidadosa, e livre de lesões.

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Prêmio Top Blog 2012

16
Jul
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Está dada a largada para mais uma edição do prêmio Top Blog, o maior prêmio da “blogosfera” brasileira. Ano passado o Desce daí, doido! conseguiu ficar em segundo lugar na categoria blog de Esportes Profissional pelo Júri Acadêmico,  deixando pra trás blogs de outros esportes mais “mainstream”. Esse ano mais uma vez o Desce daí, doido! está participando na categoria esportes e embora eu queira muito melhorar o resultado, eu sei que é uma tarefa difícil, por isso conto mais uma vez com a ajuda de vocês para votar no Desce daí, doido! e colocar mais uma vez a escalada entre os melhores da internet brasileira.

Esse ano cada pessoa pode votar até 3 vezes, usando o email, Facebook e Twitter. Pra votar é fácil, basta clicar na imagem acima, ou no  banner ai do lado esquerdo (o douradinho) e seguir para a página de votação. Essa primeira fase de votação que vai escolher os 100 melhores blogs vai até  dia 30 de Setembro. Depois disso haverá uma nova fase de votação para decidir os Top 3 pelo Júri Popular e Acadêmico.

Conto com a ajuda de vocês galera!

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Escalada no feriado pra conhecer o novo setor de Redenção!

16
Aug
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Essa segunda-feira foi feriado aqui em Fortaleza, e depois de não ter ido escalar no final de semana por conta do dia dos Pais, essa folga de começo de semana foi uma benção, então tinha que aproveitar. Já fazia mais de um mês que eu não ia na rocha, ocupado com o projeto e outros assuntos relacionados ao novo muro da Fábrica de Monstrinhos, então a fissura tava grande pra escalar de novo. Fechei o bonde com o Tiago Minhoka, Alex, novo membro dos Monstrinhos vindo diretamente do Paraná, e o Feijó, que ainda tá começando mas com uma vontade de louca de estar na rocha sempre que pode.

Saímos de Fortaleza com destino a Redenção, mas dessa vez o dia de escalada não ia ser no tradicional setor do Assombrado, e sim em um novo setor, batizado de Pitombeira! A promessa dos outros membros dos Monstrinhos que já tinham iniciado os trabalhos de conquista no setor, era de paredes de mais de 150 metros, com vias de mais de 5 enfiadas, transformando Redenção em um pico quase completo de escalada, faltando apenas os boulders. E a promessa se converteu em realidade!

Chegando na frente da pedra, ainda com a trilha inteira pra caminhar, a impressão é de uma pedra muito suja, sem possibilidades de vias, mas quando se chega na base da pedra se percebe o imenso potencial do local. Paredes gigantescas de granito, em pelo menos 3 faces, com potencial para algumas dezenas de vias clássicas, de todos os níveis. Claro, a pedra não é completamente limpa de vegetação, mas a que existe é bastante espaçada, formando moitas em alguns pontos. O resto é pedra limpa, esperando por novas vias!

Feijó de segundo e eu guiando a terceira enfiada.

Feijó de segundo e eu guiando a terceira enfiada.

Depois de uns 20 minutos de trilha cansativa, chegamos na base das vias, até agora duas. Tiago que participou do começo dos trabalhos nos mostrou um projeto, numa face vertical da pedra, até agora com 3 enfiadas na casa do 7º grau. Mas nosso objetivo não era esse, e sim escalar a via mais longa do local, um provável 4º V de 6 ou 7 enfiadas. Não sabíamos se a conquista tinha sido completada no dia anterior, pelo Mario e o Damito, mas as chances eram grandes de que estivesse pronta.

Começamos a subida por volta das 10 da manhã, comigo e o Minhoka guiando a primeira enfiada e o Alex e Feijó vindo de segundo. No começo da primeira enfiada, não tendo prestado atenção por onde o Minhoka e o Alex tinham seguido, acabei indo pelo lado errado e encarando uma aderência sinistra! Acho que a única coisa que me fez passar esse longo trecho (acabei pulando uma chapa nessa brincadeira) foi a certeza absoluta de que eles tinham ido por ali. Então já que eles passaram, eu tinha que passar também. O que o orgulho não faz né? Fazendo lance fiquei receoso pelo Feijó, porque achei que ele não conseguiria passar por ali, mas ainda bem que era o caminho errado, e o certo era bem mais fácil. Prestar atenção da próxima vez!

Ainda precisando de algumas paradas duplas!

Passamos direto da primeira parada e seguimos direto pra segunda, enfrentando o primeiro crux da via, um lance que deve ficar na faixa do 5º grau, mas bastante tenso pra fazer guiando. Nessa parada troquei de dupla com o Alex, e ele guiou pro Feijó e eu para o Minhoka.  A terceira parada fica alguns metros abaixo de um teto que segue pela esquerda, mas a via continuava por um diedro pela direita, que o Minhoka guiou primeiro, descobrindo que essa enfiada tinha lances em móvel, e fazendo uso das peças que ele tinha levado. Feijó foi em seguida, com o Alex guiando logo atrás e eu seguindo de segundo. Com certeza essa enfiada foi a mais legal de se fazer da via. Os lances em móvel eram em agarras boas, mas de movimentação bem interessante, com pegas de lado e uso do pé bem alto.

Galera reunida na P5

A próxima parada devia ser a quarta, mas o Feijó percebeu que o Minhoka tinha pulado uma parada antes dos lances em móvel. Então estávamos na parada 5 da via, e ainda com mais coisa pra subir! Dessa vez o Alex foi quem se animou de guiar primeiro, e acabou passando um aperto umas 3 chapas pra cima, em lances com lacas podres e poucas opções de pés.  Ele abortou a tentativa, e o Minhoka escalou até ele de segundo e tentou guiar o restante, passando maus bocados também, mas conseguindo chegar na próxima parada. Eu e o Feijó ficamos na P5, e eles rapelaram de lá, Minhoka tinha ido até a última parada, mas mais uma vez tinha pulado uma antes. Então no total a via ficou com 7 enfiadas, algumas mais curtas, outras mais longas, que deve dar algo em torno dos 120 200 metros de via, creio eu. Ótima via, e grande opção de escalada clássica agora mais perto de Fortaleza. Parabéns aos conquistadores Mario Carvalho, Ricardo Damito, Jorginho Mascena e Paulo Joca!

Lá de cima, contemplando o visual da “serra” de Redenção, consegue-se avistar algumas outras paredes, que podem guardar ainda mais potencial para a escalada na região. Fiquei com a sensação que agora é que começamos a descobrir a ponta do iceberg, e que ainda tem muita pedra pra achar e conquistar por ali.

Começamos nossa descida, com o Alex e o Feijó rapelando sozinhos, e eu e o Minhoka rapelando em simultâneo usando Grigris, algo que eu nunca tinha feito na vida. A opção pelos Grigris foi por não termos um ATC extra para o Feijó que ainda não tem o equipamento básico e foi pra lá meio sem saber o que o esperava. Na verdade, nem eu sabia o que me esperava. No final das contas correu tudo tranquilo, chegamos na base sem problemas ou contratempos, e pegamos o caminho de volta! Parada básica no posto para a tradicional Coca gelada com Doritos, completamente destruídos, mas totalmente felizes com mais um dia irado de escalada! Até a próxima galera!

Visu da P5, com alguns picos em potencial no fundo!

Postado por admin em : Pessoal, Relato

Felipinho e a cadena da Ali Hulk!

3
Jun
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Nessa quarta Felipe Camargo encadenou seu segundo 11c (9a fr), a via Ali Hulk, de Dani Andrada! Felipinho já tinha mandado em outras trips partes dessa via, a Hulk, que foi seu primeiro 11a, e a Hulk Extension. E parece que a cueva de Ali Baba deu sorte, e com a cadena Felipe mudou o humor da trip, que teve um começo um tanto ruim, com dores nos dedos e ficando doente na gringa. Não vou perder tempo aqui descrevendo a história da cadena, por que isso ele fez melhor do que qualquer um no seu blog. Mas gostaria de relatar a experiência que foi ficar sabendo da cadena, que ele já vinha tentando fazia algumas semanas.

Eu não conheço o Felipinho pessoalmente, o conheço somente pela internet, e sempre que dá converso algo com ele pelo msn, facebook, e sabia o quanto essa via tinha trazido de volta a motivação que ele estava sentindo falta na trip. Quando vi ele anunciando no FB que tinha encadenado, senti uma grande alegria. Alegria que me pegou meio de surpresa, por que apesar de estar torcendo, mandando a vibe pra ele lá, não pensei que fosse me alegrar tanto, até por já sabia que ele encadenaria a via, mais cedo ou mais tarde. Mas foi ai que bateu. Fiquei feliz não só porque era um escalador brasileiro levando o nome do esporte mais alto lá fora. Fiquei feliz por que era um amigo conseguindo mais uma conquista na sua vida como profissional!

Parabéns, Felipe! Você mereceu mais essa conquista e merece ainda outras tantas que virão pela frente. Espero que a gente possa se conhecer pessoalmente em algum pico por esse Brasil. Quem sabe Ubatuba essa ano!

E pra fechar o post, fiquem com o vídeo da cadena de Felipe Camargo!

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Boulder não é descanso!

18
May
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Eu não gosto de “requentar” posts, mas quando tive problemas com o meu servidor ano passado, vários dos meus textos se perderam, alguns bem legais e que realmente fizeram falta ao blog. Minha sorte foi que nessa época, eu ainda era um colunista ativo do Alta Montanha e alguns desses textos acabaram indo parar por lá. Foi o que aconteceu com o meu post sobre o Sharma, e a Escalada e a vida, que foram textos legais que eu escrevi, que foram bastante lidos e eu pude recuperar do Alta Montanha e trazer de volta pro Desce daí, doido! E esse é outro texto legal que eu escrevi e que também ficou à salvo do “crash” do meu servidor. Então deixo com vocês aqui, meu manifesto (ou seria ode?!) ao boulder!

Um dia desses, antes de fazer minha primeira viagem pro Rio, eu conversando com alguns amigos sobre os meus planos de escalada para a cidade maravilhosa, falei com a naturalidade de alguém que gosta de boulders, que intencionava tirar um dos três dias da viagem para encarar os pequenos blocos. A resposta veio rápida:

– Eu não acredito que tu vai pro Rio, e vai fazer boulder! Boulder? O cara vai pro Rio de Janeiro e vai fazer boulder. Boulder o cara faz se for passar uns 10 dias, ai você tira um diazim pra descansar e fazer boulder!

Opa! Descansar e fazer boulder? Taí duas coisas que pra mim são completamente excludentes. Como é que uma pessoa consegue descansar fazendo boulder? Eu pelo menos termino mais acabado depois de uma boa sessão de boulder do que um dia inteiro fazendo esportiva.

Mas eu não fico surpreso com essa reação, pelo menos aqui no Ceará, onde praticamente não existem boulders e ninguém se interessa em trocar as grandes paredes pelos pequenos blocos. Você pode até não gostar de boulder, mas dizer que é algo que você faz num dia de descanso, é querer comprar briga comigo companheiro!

Tá certo que o bouldering surgiu como um treino para as grandes escaladas, mas com o passar do tempo ele se tornou uma modalidade com fim em si mesma. Tanto que existem hoje escaladores que dedicam-se somente ao bouldering, como Daniel Woods, Paul Robinson, Tyler Landman, Jason Kehl. Grandes escaladores, que estão entre os melhores do mundo. Agora pergunta pra eles se eles tão descansando.

Boulder é das modalidades de escalada, a que concentra um maior esforço físico em um menor espaço de tempo. É pressão o tempo inteiro. Força nos braços. Dedos rasgados sem perdão. Se alguém quiser usar essa “brincadeira” pra descansar antes de fazer um bigwall, vá em frente! Mas eu não recomendo.

Só sei que da próxima vez que me perguntarem porque eu estou indo fazer boulder ao invés de esportiva ou escalada clássica, eu vou dizer que minha próxima viagem pra fazer boulder, vai ser pra Yosemite! Belo descanso, né?

Postado por Neudson em : Pessoal, Texto

Em busca de motivação

25
Mar
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Uma das coisas mais importantes pra escalar bem e evoluir sempre, é sem dúvida, se manter motivado. Motivação é o motor que faz o escalador sempre buscar mais, tentar lances mais difíceis, desafios maiores. Mas manter a motivação nem sempre é fácil. Às vezes a rotina dos próprios treinos acaba minando a motivação. Outras vezes, como no meu caso atual, a falta de treino é quem provoca isso.

Estou numa fase que estou impossibilitado de treinar. Não, eu não me lesionei gravemente a ponto de me afastar temporariamente da escalada. As idas à rocha nos finais de semana ainda estão de pé. O problema estão nos treinos em resina durante a semana, que ficaram completamente impossibilitados devido à uma obra mal planejada e mal executada na academia onde fica o boulder da Fábrica de Monstrinhos. A perspectiva é de uns 2 meses sem treinos. E tenho que admitir, isso deu uma baixada na minha motivação. Escalar quase todo dia, mesmo na resina, é algo que me mantém centrado, alivia o stress das coisas chatas da vida, me coloca de volta nos eixos por umas 2 horas. E ficar 2 meses sem isso vai ser foda. Sem contar a perda de performance que com certeza vai haver, justo numa fase onde a expectativa era de somente crescer.

Mas o fato é que mesmo com isso eu tenho que buscar algo pra me manter motivado. Já estou considerando a possibilidade de construir um pequeno “set” composto de system wall e campus board pra não ficar tão parado. Vou tentar também procurar algum projeto, ou até mesmo explorar alguma área nova de escalada. E com certeza, vou agendar uma trip urgente! Por que não existe nada melhor pra motivar do que sonhar todo dia com uma trip já marcada. Cocalzinho e Ubatuba são dois destinos que estou pensando agora no curto prazo. Fazer, pela primeira vez, uma trip só de boulder com certeza vai me deixar “psyched” pra buscar me manter em forma durante esses 2 meses duros pela frente. O lance é não parar de escalar. Nunca!

Postado por Neudson em : Pessoal

Cipó ou Diamantina esse ano?!

10
Feb
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Quando eu fui pro Cipó ano passado, conheci duas figuras fantásticas de Diamantina, o Andrei e o Tuchê. Claro que eles não deixaram de “vender o peixe” da cidade deles, falando o quanto o lugar era perfeito pra escalar, principalmente pra quem curte boulder. E eu não vou mentir que eu fiquei tentado em dar uma chegada por lá esse ano e conferir o lugar, mas ainda assim, até hoje, a “peregrinação” anual ao Cipó não tinha ficado ameaçada.

Mas conferindo um post no Twitter, falando da cidade mineira a 300km de BH, eu tremi nas bases. Uma lágrima quase escorreu do olho quando eu vi essas fotos. Agora eu já não sei  mais o que eu faço. Cipó ou Diamantina esse ano?! G3 ou Gruta do Salitre? E em Minas ainda tem Montes Claros, São Tomé das Letras, Conceição do Mato Dentro, Ouro Preto, Lapa do Antão…Dúvida cruel de escalador!!! Cliquem nas fotos pra ver maior!

Postado por Neudson em : Dicas, Pessoal

A polêmica David Lama e Cerro Torre

31
Jan
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Ano passado se iniciou um grande debate a cerca da tentativa de escalada da via do Compressor, no Cerro Torre, pelo escalador austríaco David Lama. A acusação era que o escalador teria adicionado 60 chapas à via e deixado muito material na montanha. Agora o debate esquentou outra vez, devido a notícias de que David Lama vai voltar ao Cerro Torre para completar seu projeto e que dessa vez pretende grampear parte da via de cima. Então resolvi ler sobre o assunto e tentar formar melhor minha opinião sobre.

Para começar, me informei sobre a via do Compressor no Cerro Torre, que  já é polêmica por si só. Em 1970, para provar que tinha conseguido chegar no cume do Cerro Torre em 1959, o escalador Cesare Maestri trouxe uma grande equipe, fartamente equipada e basicamente construiu uma escada de chapas até o cume. Foram mais de 450 chapas fixadas com a ajuda de um compressor movido à gasolina (o compressor ficou por lá, por isso o nome da via). Desde então se discute sobre retirar ou não as chapas.

Em 2009, David Lama chegou na Patagônia para fazer a tentativa de escalar a via em livre (não confundir com escalar em solo), juntamente com uma equipe de filmagem patrocinada pela Red Bull, para documentar o feito. O time desceu do Cerro Torre sem conseguir a ascensão, e deixando novas chapas e equipamento na rocha (cordas fixas e haul bags). E foi ai que começou o problema.

A equipe e David Lama se defenderam. Lama disse que as chapas não foram colocadas por ele, para ajudar na sua escalada, mas sim para deixar mais seguro o trabalho da equipe de filmagem. E que essas foram decisões tomadas pelo guia da equipe responsável pela documentação da tentativa. Na verdade, a idéia era completar a via, e descer removendo as chapas adicionadas para ajudar nos trabalhos. A Red Bull respondeu às criticas dizendo que as chapas e os equipamentos foram deixados no local devido ao mal tempo, que não permitiu que a equipe fizesse o trabalho de limpeza. Uma equipe de escaladores locais teria sido contratada um mês depois para “limpar” a via, mas descobriu que a quantidade de material reportado pela Red Bull e Lama era bem menor do que a que existia. Mais lenha na fogueira!

Depois de ler tudo isso eu fiquei pensando: existe realmente motivo pra tanta discussão, tanta agressividade direcionada ao escalador David Lama e tanta revolta? A conclusão que eu cheguei, é que pra discutir sim. Afinal de contas é um debate “ético” e de estilo, e nada impede que outras pessoas expressem suas opiniões. Mas agora pra ser agressivo e se revoltar como se fosse o fim do mundo, ai já acho exagero.

Ficou claro pra mim, que as chapas fixadas não foram para deixar a escalada de David Lama mais fácil, já que ele pretendia fazer a via em livre e não em artificial como ela é naturalmente feita. E foram adicionadas por motivos de segurança para a equipe de filmagem e que seriam removidas depois, e não foram devido a um erro de logística e planejamento.

Sabendo disso, eu me pergunto como são filmados todos os outros filmes de escalada que nós assistimos? Uma coisa é certa,  eles tem que ficar parados durante muito tempo em um só lugar para captar as imagens. Agora como é feito isso? São em novas chapas, em equipamento móvel (eu nunca ficaria parado num móvel filmando com uma câmera profissional comigo) ou em cordas fixas? Cordas fixas me parece o melhor modo (o que explicaria as cordas deixadas na montanha pela equipe da Red Bull), mas seria o melhor modo de fazer isso no Cerro Torre? Onde o clima é sabido de ser um dos (se não o pior) do mundo? Será que realmente não é mais seguro ficar parado em chapas bem firmes na rocha? Eu não sei, nunca fiz um filme de escalada, nem nunca escalei o Cerro Torre, quanto mais os 2 ao mesmo tempo. Mas vamos divagar. Se é assim que todos os filmes são feitos, por que ninguém nunca reclamou até agora? A gente só vê o produto final, prontinho em HD, no conforto dos nossos Home Theathers equipados com TVs FullHD de Led, então a gente nunca se importa! Seria por que nas outras vezes deu tudo certo e eles tiraram tudo que colocaram, voltaram pra casa, e ninguém nunca precisou ficar sabendo?! Se é, então não existe razão nenhuma pra tanta choradeira. Ou então vamos deixar de assistir filmes de escalada, ou só ver filme de boulder! Mas se não, temos que nos perguntar se as chapas colocadas realmente eram necessárias para garantir a segurança da equipe de filmagem. Mais uma vez, se sim, não existe motivo pra reclamar, até por que elas seriam removidas depois, e se foram deixadas lá foi por um motivo de força maior. Mas ainda assim, como diz o matuto, o que diabo é um peido pra quem já tá todo cagado? A via já tem mais de 450 chapas, mais 60 ali não vai nem feder nem cheirar.

Pode-se dizer que as chapas estavam na linha da via, ou muito próximo, atrapalhando os escaladores. Mas o fato é que as recentes tentativas de ascensão da via do Compressor tem sido feitas buscando não usar uma chapa sequer. Feito que quase foi conseguido pela dupla de escaladores Josh Wharton e Zack Smith. Então, não dá pra dizer que elas atrapalham a escalada, quando alguém escalando pode decidir simplesmente ignora-las e escalar no estilo que achar melhor.

Então pra mim, nesse caso das chapas, me parece muito barulho por nada. A via já é super grampeada, e os grampos que já existiam antes não impedem ninguém de não usá-los se quiser. O mesmo aconteceria com os demais. E dizer que mais 60 grampos nessa via é um impacto ambiental, pra mim é idiotice. Mais impacto é gastar energia e queimar combustíveis fósseis pra ir escalar de carro ou de avião, mas disso ninguém reclama, por que é um “mal necessário”!

Agora quanto à segunda polêmica, de David Lama grampear parte da via de cima, eu já acho um vacilo do moleque. Por que já que ele está indo escalar uma via dessas, ele poderia muito bem fazer tudo no estilo de escalada da via. E esse tipo de via nunca se conquista de cima (até porque nunca se tem acesso ao cume pra rapelar) e sim de baixo. Ele só pode fazer isso por que já existe um jeito de subir até lá. Então é mais uma questão de estilo e não ética. Mas não acho também o fim da picada, a coisa mais horrível que já aconteceu. Por que até onde eu li, se ele quiser mesmo escalar a via em livre, uma nova variante vai ter que ganhar mais alguns grampos, já que a via original tem um trecho completamente em artificial numa parede completamente lisa. Então se ele fizer isso e mandar a via em livre, as chapas desnecessárias poderiam ser retiradas e a via ficar “limpa”. O legado seria uma via foda, num lugar foda, com o detalhe que teve um pequeno trecho conquistado de cima. O que no final das contas não ia mudar em nada a via para os que a escalassem depois. O único que estaria perdendo com isso seria o próprio Lama, que deixaria de lado a oportunidade de ser um escalador respeitado por todos, por ter escalado a via em livre e ainda conquistado parte dela no melhor estilo possível. Mas resta saber se ele se importa com isso, o que vai de encontro ao que todos dizem que ele quer com toda essa história: fama e fortuna!

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Trip Serra Caiada

5
Jan
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Eita final de ano corrido. Depois que voltei de Serra Caiada não consegui parar pra escrever sobre a trip, mas agora chegou a hora.

Desde o encontro de escaladores em Brejo, que eu não pude ir por falta de tempo ($$$), que eu tava na fissura por uma trip. O pessoal da Fábrica de Monstrinhos já tinha meio que pré-combinado a ida pra Serra Caiada, no recesso entre o Natal e o Ano Novo, mas eu ainda não sabia se ia rolar. Chegando mais perto a data, eu ainda estava achando meio difícil de ir, mas como esse tipo de coisa não dá pra ficar pensando muito, resolvi logo fechar minha ida e pegar a estrada com o pessoal.

Saímos de Fortaleza (eu, Mario, Damito e Minhoka) às 5 da manhã do dia 26. Dos 4 no carro, apenas o Mario já conhecia a Serra Caiada, mas ele tinha ido lá quando estava começando a escalar. Então, pra todos, a expectativa era grande.

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Postado por Neudson em : Pessoal, Relato