Domingo de carnaval na Pedra Vermelha

7
mar
sem betas
Tweet

Domingão de carnaval foi dia de ir dar uma escaladinha na rocha. A chuva deu uma trégua e a galera tomou o rumo de Redenção. No bonde, eu, Daniel, Mario, Damito e André Braga. Todo mundo pra Pedra Vermelha, o point de esportiva que vai com certeza elevar o nível da escalada cearense.

Eu e o Daniel ficamos mais uma vez malhando a Borboleta no Rego, com quatro cadenas até agora, todas corroborando a graduação, colocando a via entre 8b e 8b hard! Via linda, negativa, agarras abauladas, constante. Depois de dois pegas na via, eu vi que realmente preciso treinar mais resistência se eu quiser passar o crux, que é entre a penúltima chapa e a parada. Mas vou treinar pra tentar encadenar esse ano. Daniel na última tentativa, acabou dando um upgrade na via, aproveitando que o Damito e o Mario estavam com material de conquista, e colocou mais uma chapa com argola na parada, deixando assim a tarefa ingrata de desequipar  a via bem mais segura.

O André deu mais um pega na Evil Chicken From Hell, mas não conseguiu isolar o que parece ser o crux, a viradinha depois de sair do teto. As previsões já colocam a ECFH na casa do 9º grau, podendo ainda ser mais forte. Então a galera aqui do Ceará fica na espera de alguém que escale 10º pra vir aqui e fazer a primeira ascensão e cotar a via.

Mario e Damito começaram a abrir uma variante da ECFH, que não pega pra fazer a viradinha, continua pelo teto, numa travessia. A nova variante ganhou  2 chapas além das que já usa da ECFH e também vai ficar uma via foda, talvez 8º alto ou quem sabe 9º.

Mas o grande destaque do dia ficou mesmo pelo link da Orelha de Porco 7c, com a Borboleta, dando origem a uma nova via: Porcoleta. A via começa na Orelha de Porco, e continua nela quase toda, mas logo depois do crux sai pra direita, com movimentos longos, pra chegar na quarta chapa da Borboleta. Uma chapa intermediária foi colocada entre as duas, mas ainda assim o lance fica bem esticado, mas com uma queda bem limpa. O André isolou o lance do link da via, e tenho que dizer, ficou lindo demais o lance. Grau? Deve acabar ficando mais forte do que a Borboleta, segundo o André, um 8c/9a talvez.

Depois eu pego algumas fotos do dia de ontem, que ficaram todas na câmera do Damito, e posto aqui pra galera se instigar com a Pedra Vermelha e vir contribuir com a evolução do pico.

Postado por Neudson em : Relato, Texto

Evolução nos treinos

24
nov
3 betas
Tweet

Eu já tinha comentado por aqui o quanto treinar num boulder tem feito diferença no rendimento na rocha da galera por aqui. Me parece realmente que essa seja a estrutura ideal para treinos. Mas mesmo com o ganho de rendimento, me parece que ainda podemos melhorar a qualidade dos nossos treinos.

Uma prova disso é a mudança que vem ocorrendo agora no tipo de problemas que estamos criando no boulder. Antes a tendência era criarmos problemas longos, com mais de 20 movimentos, que acabavam sendo movimentos mais moderados, e focavam mais na resistência. Mas recentemente temos criado cada vez mais problemas curtos e de mais técnica e força. Problemas com no máximo 8 movimentos, e temos focado mais em tentar esses. Eu particularmente tenho notado uma melhora geral no meu rendimento com esse novo modelo de treinos.

Quando vejo esse “fenômeno” eu penso no que o Júlio uma vez comentou, sobre uma dica do muito conhecido How to Climb 5.12, que falava que treinar resistência, apenas lhe trazia ganhos em resistência e nada em força, ou seja, você apenas aumentava a quantidade de movimentos moderados que você podia fazer mas não ganhava a força necessária para vencer os movimentos mais difíceis dos crux. Já treinando a força máxima, o ganho viria nos dois lados, tanto em força quanto em resistência, por que ao se aumentar a força máxima, você estaria reduzindo a quantidade de energia utilizada em movimentos moderados, o que refletiria num ganho em resistência.

Ainda tenho que me informar mais e testar melhor essa premissa, e por isso mesmo resolvi adquirir o How to Climb 5.12, que já está a caminho, e tenho tentado me informar mais sobre condicionamento e planificação de treinamento. Tenho visto que parece ser importante saber como trabalhar com ciclos de treinamento, intercalando ciclos de força e de resistência, mas sem esquecer da técnica é claro. Mas ainda não sei muito bem como fazer isso. Espero que o livro me dê alguma luz com relação à isso, e que os nossos treinos possam evoluir a partir daí.

PS: Quem também estiver interessado em adquirir o How to Climb 5.12, pode encontrar o livro na Amazon.com. Ele está em promoção por $11,66. Com o frete não fica por mais de R$ 40,00. Tudo que você precisa é de um cartão de crédito internacional!

Postado por Neudson em : Pessoal, Texto

Pirâmide de graduação

27
out
3 betas
Tweet

Pra qualquer escalador esportivo, evolução é algo importante. E evoluir na escalada esportiva significa aumentar o grau escalado. Por isso que eu acho um tanto hipócrita, quando se é escalador esportivo, dizer que grau não importa. Se não importasse realmente, ninguém ia querer aumentar o grau escalado não é?

Eu estou no time dos que querem evoluir sempre. Quero aumentar o grau que eu escalo, tenho minhas metas e procuro sempre saber cada vez mais sobre métodos que possam me ajudar à chegar lá. Claro que isso é algo pessoal, quero escalar mais forte para mim mesmo, e não para dizer que escalo mais forte que fulano ou cicrano.

No meio de todos os métodos de treinamento, dicas e bizus pra melhorar o desempenho, existe dentro da escalada esportiva a idéia da chamada pirâmide de graduação. Algo que o meu amigo Júlio “Francês” já havia falado, e que eu também já conhecia, mas negligenciava. Mas depois que eu li esse ótimo texto do Naoki Arima, resolvi prestar mais atenção.

Analisando a minha própria pirâmide (tá parecendo mais o Cristo Redentor), vi que eu realmente preciso focar mais nas vias na casa do 6, 6sup e 7a, e deixar um pouco de lado os 7c da vida. Não que eu vá deixar de tentá-los (existem 2 muito próximos de serem encadenados), só devo focar mais em escalar as vias que estão na minha base, assim devo conseguir encadenar 7c com mais facilidade e quem sabe acelerar a chegada da minha primeira cadena de 8a.

Pra mostrar como a minha base está fraca, eu não consigo nem dizer com certeza qual o meu grau à vista! Sei que roda na casa do 6sup, mas na minha atual “pirâmide”, não tenho nenhum 6sup à vista. Já encadenei 7a de flash, e 7c de 3 tentativas, mas não tenho nenhum 6sup à vista. Isso é no mínimo estranho.

Já andei fazendo um levantamento de todas as vias a partir do 6 grau que ainda não encadenei, e registrei todas como projetos no 8a.nu. Vou procurar me concentrar mais nelas nas próximas viagens. Melhorar essa base, e também essa quantidade de cadenas (11 cadenas eu um ano é vergonhoso). Vamos ver como as coisas se desenvolvem assim. Como diz o Júlio, o negócio é ter FOCO!!

Postado por Neudson em : Pessoal

Treinamento e evolução

19
jul
um beta
Tweet

Ontem fui escalar mais uma vez na rocha. Fazia duas semanas que eu não ia. Fui mais uma vez tentar um 7c, que está sendo agora minha meta, e mais uma vez me surpreendi com a evolução que os treinamentos no boulder têm trazido. Quatro meses atrás quando o boulder foi inaugurado, eu era um escalador lutando pra fazer um 7a. Um 7c era completamente fora de cogitação, entrava só pra levar espanco.

O 7c que tentei ontem, a Beirada do Burns, foi por muito tempo a via mais difícil do ceará, e fazia mais do que 4 meses desde a minha última tentativa nela. Se eu for resumir minhas tentativas naquela época, vou dizer que nunca tinha conseguido fazer o lance do crux, mesmo dando uma descansada na corda lá em cima. A via já me drenava tanta energia até ali, que nem descansando os braços respondiam.

Mas ontem foi diferente. Como sempre, minha primeira entrada é uma porcaria. Parece que eu só pego no tranco. Mas essa eu não conto porque fui equipando. A primeira tentativa com a via equipada também não foi lá esses balaios todos, tive que tentar lembrar os movimentos da via, e fui parando quase de chapa em chapa, mas já nessa isolei o lance do crux. Nessa tentativa já senti uma grande diferença. Agarras que antes me pareciam terríveis, estavam surpreendentemente mais fáceis de segurar. Na segunda tentativa sim, direto até a costura antes do crux, mas ali faltou braço e não costurei. Identifiquei o que tinha feito errado, e fui pra uma terceira. Fiz tudo certo, parti pra atacar o crux, mas não consegui vencer o lance. Dei uma descansadinha, e isolei o crux de novo, terminando a via com uma queda.

Não consegui ainda o 7c, mais uma vez bati na trave, mas só de ver a evolução que esses 4 meses de treinos trouxeram valeu a pena. Antes o grau mais alto que eu fazia com uma queda era um 7a, agora saltei pra o 7c, e me vejo muito próximo de encadenar os 2 que tenho como projeto. Quero entrar em alguns 7a e 7b que não mandei ainda, pra confirmar essa evolução, e manter o ritmo de treinos, pra quem sabe, ainda esse ano quebrar a barreira do 8a.

Postado por Neudson em : Relato