Tocando o vazio
segunda-feira, 30 de março de 2009Assisti esse final de semana o filme Touching the void (Tocando o vazio), terrivelmente traduzido para “Desafio Vertical”. Foram mais de 3 dias baixando o filme, que era extremamente recomendado por 10 entre 10 montanhistas. Fiquei com vontade de ler o livro primeiro, mas como sei que o filme sempre perde em relação ao livro, resolvi assistí-lo antes, para então ter a experiência de ler o livro.
Touching the void foi inicialmente concebido para ser um filme de aventura, com Tom Cruise no papel principal (não sei de onde tiraram essa idéia). Mas os produtores logo perceberam que não sairia um filme de aventura dali e, acertadamente, partiram para uma abordagem documental.
O filme narra a história real, que se tornou uma lenda do montanhismo mundial, de 2 escaladores britânicos: Joe Simpson e Simon Yates. Os dois escaladores resolveram chegar ao cume da montanha Siula Grande, no Peru, escalando por uma face jamais conquistada. Os dois jovens, ambos com pouco mais de 20 anos, chegaram ao cume da montanha em 2 dias, mas na descida, algo trágico aconteceu. E é esse fato trágico, que se converteu numa das mais assombrosas histórias de sobrevivência, que o filme aborda.
No ínicio do filme somos presenteados com as incríveis imagens das montanhas. Uma fotografia realmente belíssima a mostrada no filme. Não tem como não se deslumbrar e querer também chegaro ao topo daquelas montanhas. Logo entram a narração em off dos escaladores, e vemos as cenas da reconstrução da escalada. No início são apenas comentários de como escalar é uma aventura, os porquês de se arriscar indo onde ninguém jamais foi, e a constatação de que 80% dos acidentes acontecem na descida.
Mas logo o panorama começa a mudar. As belas imagens continuam lá, mas agora mostrando o poder assustador de uma montanha gelada. Os primeiros problemas na subida começam a acontecer, mas algo normal dentro de uma empreitada como a tentada pelos dois.
Na descida, o imprevisto acontece. Joe cai enquanto desescalava uma parede de gelo, e quebra a perna na altura do joelho. Naquele momento, ele só tinha uma certeza, estava morto. Simon desce até o amigo, que achava que seria abandonado, e sem falar nada, toma a decisão de descê-lo. Utiliza dos meios disponíveis (duas cordas de 50 metros atadas por um nó e muita coragem) e começa a descer Joe. Tudo estava indo bem, até que Joe fica pendurado pela corda por ter chegado em um ponto onde a parede era negativa. Simon em cima, sem enxergar ou conseguir falar com o amigo, dá o sinal para que ele tire o peso da corda, mas não recebe resposta. Enquanto isso, Joe tenta ascender pela corda, lutando com as mãos congeladas para fazer o nó. Em vão. Depois de algumas horas naquela situação, ambos só têm uma certeza, o seu companheiro está morto. Para Joe não havia nada a fazer, se Simon estava morto, restava a ele esperar a morte também, pendurado na corda. Já Simon, tinha apenas uma opção, cortar a corda. E foi isso que ele fez, e continuou a descida.
Mas se você acha que a história acaba ai (eu já sabia que não) você está enganado. É agora que começa a saga de sobrevivência mais fantástica já contada. Não por ter sido algo heróico, na acepção populesca do termo, mas por ter sido o embate mais contundente de um homem com a sua vontade de viver e seus limites, chegando ao ponto de nem sequer se reconhecer mais como ser humano.
É isso mesmo, Joe conseguiu sobreviver, mas eu não inteciono contar aqui como ele conseguiu, até por que não teve algo de realmente incrível. Acho que é algo que você deve acompanhar com ele. Ouvindo seus comentários sobre cada momento, o que se passava em sua cabeça. Como sua mente oscilava entre a crença em conseguir e a total desesperança. Entre continuar lutando, mesmo além do limite físico, ou se entregar a uma morte sem dor. Vendo esse filme não tem como você não pensar no que a mente humana é capaz. Faz você questionar os reais limites do ser humano.
Ah, um pequeno detalhe. Simon ficou conhecido mundialmente como o “cara que cortou a corda” e foi duramente criticado por toda a comunidade de montanhistas. A única pessoa que o se manteve ao seu lado e o defendeu, foi justamente Joe, que dedicou o livro que deu origem ao filme ao amigo, escrevendo: “Para Simon, por uma dívida que nunca poderei pagar”.
Escrito por Neudson Aquino em : Alta Montanha, Escalada, Filmes, Vídeos
Comentarios»
É um dos melhores filmes que já vi relacionado ao montanhismo. O diretor tentou ser fiel à realidade nas cenas, e isso tornou o filme muito bom, mesmo para quem pratica o esporte!
ei Neudson, quando tu vai colocar pra galera ver aqui… hehehehehehe!!!
Rapaz, eu posso até colocar o torrent aqui…mas vcs tb vão demorar uma eternidade pra baixar. Melhor eu gravar em cd pra galera…ou dvd…
pois é, então se der passa pra dvd que eu passo pra galera… hehehehehehehe!!!
Cara me coloca na lista… Como faria para me enviar esse DVD?