7 perguntas sobre a escalada esportiva nas Olimpíadas

Depois que a escalada  foi escolhida para fazer parte dos Jogos Olímpicos de Tóquio em 2020, muitas perguntas surgiram. A principal e mais polêmica, é se a escalada esportiva nas Olimpíadas vai trazer mais praticantes, e se isso vai ser benéfico ou algo ruim. Mas essa é uma pergunta que não se pode responder agora e por demais subjetiva. Contudo, algumas outras dúvidas tem surgido, e algumas pessoas já chegaram a me perguntar sobre a escalada nas Olimpíadas. Vou tentar abaixo responder algumas dessas perguntas, de forma mais clara possível. Vamos lá?

Agora a escalada é esporte olímpico?

Acho que essa pergunta pega até quem é escalador e não se inteirou muito sobre o que aconteceu. A resposta mais sensata é não! A escalada não é um esporte olímpico. Ainda. Mas não vai estar nas Olimpíadas em 2020? Como não é olímpico?

Sim, a escalada vai estar nas Olimpíadas de Tóquio, contudo o esporte ainda não faz parte do programa olímpico oficial. A presença da escalada nos jogos de 2020 é apenas para esse evento, como um esporte adicional, e não garante a presença do esporte na próxima edição das Olimpíadas em 2024. Contudo, é uma grande oportunidade para a escalada fazer uma demonstração do esporte para o COI, e o público em geral, e quem sabe, ser um dos eventos a ser adicionado oficialmente ao programa olímpico na próxima oportunidade.

Quais as modalidades que vão estar nas Olimpíadas?

O psicobloc não é uma das modalidades olímpicas

As modalidades que vão estar nos jogos olímpicos de 2020 são as oficiais do IFSC: Boulder, Dificuldade (Guiada) e Velocidade. Somente essas três modalidades farão parte do evento da escalada nas Olimpíadas.

Não vai haver Psicobloc, por mais que eu ache umas das modalidades mais promissoras em termos de alcance de mídia; e nem vai haver o modelo de disputa do “Duelo”, tradicional dos eventos em Arco, na Itália. Uma mistura de Velocidade com Dificuldade, que é bem emocionante.

Quantas medalhas a escalada vai entregar?

Infelizmente, nos jogos olímpicos de 2020 a escalada vai entregar apenas 6 medalhas: 2 de Ouro, 2 de Prata e 2 de Bronze. Como assim? Mas não são 3 modalidades?

Sim, serão 3 modalidades, mas o modelo de disputa apresentado pelo IFSC, por sugestão do COI, foi uma junção de todas. Os escaladores terão que participar de todas as 3 modalidades, e a soma total das pontuações é que vai definir os vencedores. Numa comparação superficial, será algo como o Pentatlo ou o Decatlo, no atletismo. Só que com 3 disciplinas.

Quem vai escolher os atletas que irão competir?

Ainda não se sabe nada sobre como vão ser conquistadas as vagas da escalada nos jogos olímpicos. O IFSC ainda não divulgou nenhuma informação a respeito. No total, serão 40 vagas em disputa, sendo 20 homens e 20 mulheres.

O mais provável é que vá acontecer um evento especial, já nos moldes olímpicos, que servirá de seletiva. Se será um evento único, para todos os países, ou se serão seletivas continentais, ainda é cedo para dizer.

Quais os escaladores que poderão competir pelo Brasil?

Como em qualquer outro esporte olímpico, o atleta que quiser disputar as Olimpíadas tem que ser filiado à entidade máxima do esporte no mundo. Isso geralmente se dá através das Confederações, Federações e Associações de nível nacional. No caso da escalada, para ter chances de representar o Brasil durante os jogos, o escalador tem que ser filiado à ABEE, que é a entidade representante do IFSC no Brasil. Somente esses atletas poderão disputar a seletiva, quando houver, e tentar uma das 40 vagas da escalada nas Olimpíadas.

O Brasil tem chances de medalhas?

Essa pergunta foi a primeira que ouvi assim que saiu a notícia da escalada nas Olimpíadas. E eu gostaria muito de ter respondido um grande sim, mas infelizmente essa não é a realidade.

Cesar Grosso foi o melhor brasileiro em mundiais até hoje

A melhor posição conquistada por um brasileiro em competições mundiais  até hoje, foi o 15º de Cesar Grosso, na  Copa do Mundo de Barcelona em 2009. Nunca um brasileiro chegou sequer a uma final em uma competição mundial, seja Copa do Mundo ou Campeonato Mundial.

O nível internacional é muito alto, principalmente entre os europeus, e a não ser que surja alguma grande revelação  nos próximos 4 anos, ou algum dos nossos atletas atuais dê um salto de rendimento considerável, provavelmente não levaremos medalha na escalada.  Na verdade, levando em consideração o nível internacional, e como provavelmente devem ser as seletivas, já vai ser fantástico se o Brasil tiver um escalador e uma escaladora entre os 40 atletas da escalada nas Olimpíadas. Se eu tivesse de apostar nos representantes brasileiros nas Olimpíadas, eu colocaria minhas fichas no Felipe Ho e na Bianca Castro para representar o Brasil nos jogos olímpicos de 2020.

E antes de fechar, a pergunta que não quer calar. (rimou)

Adam Ondra vai participar?

Pelo menos entre os escaladores essa deve ser a grande pergunta. Irá o maior nome da escalada mundial na atualidade; o único escalador a ser campeão da Copa do Mundo de Boulder e de Dificuldade no mesmo ano; o talento tcheco de apenas 23 anos, disputar as Olimpíadas de 2020?

Adam Ondra já deu entrevista dizendo não concordar com o modelo de disputa escolhido para os jogos, e que vai pensar muito se vai participar ou boicotar as Olimpíadas em Tóquio. Seria realmente uma pena se o maior nome da escalada ficasse de fora. Mas com certeza teremos grandes nomes, com Sean McColl e Sasha DiGiulian, que já se manifestou oficialmente dizendo que vai disputar uma vaga nos jogos.

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