Lais de guia ou oito: qual o mais seguro?

15
May
3 betas
Tweet

Esses dias tem circulado na internet a notícia de que a investigação da morte de um escalador em uma academia da Inglaterra, concluiu que a causa do acidente foi o uso incorreto do nó Lais de Guia (duplo). O Lais de guia tem se tornado a cada dia um nó de encordamento mais popular, principalmente entre os escaladores esportivos. A escolha se dá pelo fato de que o Lais de Guia, diferente do nó oito duplo, é mais fácil de desatar depois de uma queda grande. Pra quem já tomou um quedão em uma via esportiva e depois teve que lutar, completamente bombado, pra desatar o nó oito, essa é uma ótima justificativa.

O nó Lais de Guia duplo (sem o arremate de backup)

Contudo, é também de senso comum  que o nó Lais de Guia, apesar de não ser mais difícil de fazer (alguns dizem que é até mais fácil), é bem mais difícil de ser inspecionado visualmente. Resumindo, é mais fácil de você não saber se fez certo ou errado. Algo que dificilmente acontece com o nó oito duplo. Um fator que pesa contra o Lais de Guia é o fato de ele necessitar de um backup para que o nó não corra. O mesmo não é necessário para o nó oito duplo. Isso requer do escalador uma dose maior de atenção ao fazer o nó.

Então quer dizer que o nó oito duplo é o mais seguro pra se encordar? Não. O nó  mais seguro vai ser sempre aquele que você tenha segurança ao usar, e que faça prestando atenção. Eu nunca usei o Lais de Guia para me encordar, e tenho vontade de testar o nó. Mas só vou fazer isso quando tiver 100% de certeza que eu o faço de forma correta (de preferência com alguém que use por perto). Por outro lado, eu uso o nó oito desde comecei a escalar e já tive um incidente, onde me distrai durante a confecção do nó e por sorte não me machuquei.

Resumindo, seja qual for o nó que você escolha para se encordar, certifique-se apenas de duas coisas: saber exatamente o que você está fazendo (nada de “é mais ou menos assim…”); e prestar total atenção no que está fazendo. No final das contas, segurança na escalada se resume em estar atento. Lais de Guia ou Oito Duplo? Tanto faz. Contanto que seja bem feito e com atenção.

Postado por admin em : Dicas, Procedimentos

É no loop, viu?!

9
May
Tweet

Um tempo atrás, um amigo iniciante na escalada me ligou para tirar uma dúvida. Ele queria saber se devia dar segurança com o mosquetão do freio no “loop” ou passando pelas duas alças da cadeirinha. Ele me disse que estava usando o mosquetão no “loop” e alguém havia dito que era mais seguro nas alças. De bate pronto eu avisei pra ele que o modo como ele estava usando era o correto e que não se preocupasse, mas não prestei muito mais informações sobre o porque. Hoje, olhando os emails da lista que assino, bati o olho num email muito interessante do David Marski, falando justamente sobre o assunto, e explicando muito bem como usar o mosquetão do freio para rapelar ou dar seg, e porque o correto é no “loop”. Pensei então: porque não escrever sobre isso pro blog?

Pra começar, o nome completo do “loop” da sua cadeirinha, é “belay loop”, em bom portugûes, anel de segurança! Se você se deu ao trabalho de ler o manual da sua cadeirinha quando a comprou, vai estar lá bem explicado que o “loop” foi feito justamente para dar “seg” e para fazer rapel. Contudo, porém, todavia…algumas pessoas olham aquele anelzinho de fita e pensam: “esse negócio não aguenta é nada, muito mais seguro botar nas duas alças”. É uma lógica que faz sentido até certo ponto. Mas quando você vai se informar mais, ou tem mais prática, vê que é uma lógica completamente furada.

Como bem explica o Marski no email dele, um dos motivos para não se usar o mosquetão nas duas alças da cadeirinha enquanto estiver dando seg, ou rapelando, é devido ao freio não ficar na posição correta. Como você vê pelas imagens abaixo, com o mosquetão nas alças, o freio fica completamente torto, dificultando o manuseio. Com ele no “loop”, o freio fica sempre bem alinhado.

Como fica o mosquetão de freio nas alças e no "loop" da cadeirinha.

Outro motivo, e esse envolve realmente a questão da segurança, é que os mosquetões são projetados para receberem esforços em apenas duas direções, e ainda assim, dependendo de onde esses esforços são submetidos, a carga suportada é dramaticamente diferente. Basta dar uma olhadinha na lateral do seu mosquetão, para ver as cargas suportadas de acordo com a orientação dos esforços. Olhando de novo para imagem do mosquetão nas alças, percebe-se que existem três pontos de solicitação nele, que podem gerar esforços para os quais seu mosquetão não foi projetado, nem testado, e portanto, eu não faço a menor ideia de quanto ele aguenta nessas condições. Não estou dizendo que ele vai romper se for usado assim, mas também não posso afirmar que não vai. Na dúvida, melhor usar do jeito recomendado pelo fabricante não é?

No email o David também fala de outros modos de rapelar, com o freio preso a uma fita, ou na Daisy Chain. Mas isso eu tenho certeza que eu não vou deixar melhor explicado do que ele nesse artigo, onde ele explica diferentes formas de fazer rapel.

Postado por admin em : Dicas, Equipamentos, Procedimentos