A polêmica David Lama e Cerro Torre

31
jan
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Ano passado se iniciou um grande debate a cerca da tentativa de escalada da via do Compressor, no Cerro Torre, pelo escalador austríaco David Lama. A acusação era que o escalador teria adicionado 60 chapas à via e deixado muito material na montanha. Agora o debate esquentou outra vez, devido a notícias de que David Lama vai voltar ao Cerro Torre para completar seu projeto e que dessa vez pretende grampear parte da via de cima. Então resolvi ler sobre o assunto e tentar formar melhor minha opinião sobre.

Para começar, me informei sobre a via do Compressor no Cerro Torre, que  já é polêmica por si só. Em 1970, para provar que tinha conseguido chegar no cume do Cerro Torre em 1959, o escalador Cesare Maestri trouxe uma grande equipe, fartamente equipada e basicamente construiu uma escada de chapas até o cume. Foram mais de 450 chapas fixadas com a ajuda de um compressor movido à gasolina (o compressor ficou por lá, por isso o nome da via). Desde então se discute sobre retirar ou não as chapas.

Em 2009, David Lama chegou na Patagônia para fazer a tentativa de escalar a via em livre (não confundir com escalar em solo), juntamente com uma equipe de filmagem patrocinada pela Red Bull, para documentar o feito. O time desceu do Cerro Torre sem conseguir a ascensão, e deixando novas chapas e equipamento na rocha (cordas fixas e haul bags). E foi ai que começou o problema.

A equipe e David Lama se defenderam. Lama disse que as chapas não foram colocadas por ele, para ajudar na sua escalada, mas sim para deixar mais seguro o trabalho da equipe de filmagem. E que essas foram decisões tomadas pelo guia da equipe responsável pela documentação da tentativa. Na verdade, a idéia era completar a via, e descer removendo as chapas adicionadas para ajudar nos trabalhos. A Red Bull respondeu às criticas dizendo que as chapas e os equipamentos foram deixados no local devido ao mal tempo, que não permitiu que a equipe fizesse o trabalho de limpeza. Uma equipe de escaladores locais teria sido contratada um mês depois para “limpar” a via, mas descobriu que a quantidade de material reportado pela Red Bull e Lama era bem menor do que a que existia. Mais lenha na fogueira!

Depois de ler tudo isso eu fiquei pensando: existe realmente motivo pra tanta discussão, tanta agressividade direcionada ao escalador David Lama e tanta revolta? A conclusão que eu cheguei, é que pra discutir sim. Afinal de contas é um debate “ético” e de estilo, e nada impede que outras pessoas expressem suas opiniões. Mas agora pra ser agressivo e se revoltar como se fosse o fim do mundo, ai já acho exagero.

Ficou claro pra mim, que as chapas fixadas não foram para deixar a escalada de David Lama mais fácil, já que ele pretendia fazer a via em livre e não em artificial como ela é naturalmente feita. E foram adicionadas por motivos de segurança para a equipe de filmagem e que seriam removidas depois, e não foram devido a um erro de logística e planejamento.

Sabendo disso, eu me pergunto como são filmados todos os outros filmes de escalada que nós assistimos? Uma coisa é certa,  eles tem que ficar parados durante muito tempo em um só lugar para captar as imagens. Agora como é feito isso? São em novas chapas, em equipamento móvel (eu nunca ficaria parado num móvel filmando com uma câmera profissional comigo) ou em cordas fixas? Cordas fixas me parece o melhor modo (o que explicaria as cordas deixadas na montanha pela equipe da Red Bull), mas seria o melhor modo de fazer isso no Cerro Torre? Onde o clima é sabido de ser um dos (se não o pior) do mundo? Será que realmente não é mais seguro ficar parado em chapas bem firmes na rocha? Eu não sei, nunca fiz um filme de escalada, nem nunca escalei o Cerro Torre, quanto mais os 2 ao mesmo tempo. Mas vamos divagar. Se é assim que todos os filmes são feitos, por que ninguém nunca reclamou até agora? A gente só vê o produto final, prontinho em HD, no conforto dos nossos Home Theathers equipados com TVs FullHD de Led, então a gente nunca se importa! Seria por que nas outras vezes deu tudo certo e eles tiraram tudo que colocaram, voltaram pra casa, e ninguém nunca precisou ficar sabendo?! Se é, então não existe razão nenhuma pra tanta choradeira. Ou então vamos deixar de assistir filmes de escalada, ou só ver filme de boulder! Mas se não, temos que nos perguntar se as chapas colocadas realmente eram necessárias para garantir a segurança da equipe de filmagem. Mais uma vez, se sim, não existe motivo pra reclamar, até por que elas seriam removidas depois, e se foram deixadas lá foi por um motivo de força maior. Mas ainda assim, como diz o matuto, o que diabo é um peido pra quem já tá todo cagado? A via já tem mais de 450 chapas, mais 60 ali não vai nem feder nem cheirar.

Pode-se dizer que as chapas estavam na linha da via, ou muito próximo, atrapalhando os escaladores. Mas o fato é que as recentes tentativas de ascensão da via do Compressor tem sido feitas buscando não usar uma chapa sequer. Feito que quase foi conseguido pela dupla de escaladores Josh Wharton e Zack Smith. Então, não dá pra dizer que elas atrapalham a escalada, quando alguém escalando pode decidir simplesmente ignora-las e escalar no estilo que achar melhor.

Então pra mim, nesse caso das chapas, me parece muito barulho por nada. A via já é super grampeada, e os grampos que já existiam antes não impedem ninguém de não usá-los se quiser. O mesmo aconteceria com os demais. E dizer que mais 60 grampos nessa via é um impacto ambiental, pra mim é idiotice. Mais impacto é gastar energia e queimar combustíveis fósseis pra ir escalar de carro ou de avião, mas disso ninguém reclama, por que é um “mal necessário”!

Agora quanto à segunda polêmica, de David Lama grampear parte da via de cima, eu já acho um vacilo do moleque. Por que já que ele está indo escalar uma via dessas, ele poderia muito bem fazer tudo no estilo de escalada da via. E esse tipo de via nunca se conquista de cima (até porque nunca se tem acesso ao cume pra rapelar) e sim de baixo. Ele só pode fazer isso por que já existe um jeito de subir até lá. Então é mais uma questão de estilo e não ética. Mas não acho também o fim da picada, a coisa mais horrível que já aconteceu. Por que até onde eu li, se ele quiser mesmo escalar a via em livre, uma nova variante vai ter que ganhar mais alguns grampos, já que a via original tem um trecho completamente em artificial numa parede completamente lisa. Então se ele fizer isso e mandar a via em livre, as chapas desnecessárias poderiam ser retiradas e a via ficar “limpa”. O legado seria uma via foda, num lugar foda, com o detalhe que teve um pequeno trecho conquistado de cima. O que no final das contas não ia mudar em nada a via para os que a escalassem depois. O único que estaria perdendo com isso seria o próprio Lama, que deixaria de lado a oportunidade de ser um escalador respeitado por todos, por ter escalado a via em livre e ainda conquistado parte dela no melhor estilo possível. Mas resta saber se ele se importa com isso, o que vai de encontro ao que todos dizem que ele quer com toda essa história: fama e fortuna!

Postado por Neudson em : Pessoal, Sem categoria, Texto

Festival de boulder na Pedra da Boca

29
jan
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Eu ainda estou  vendo as minhas opções de escalada no carnaval. A vontade de descer pros lados de Minas ou Goiás pra encarar uns boulders é tentadora, mas também depende de tempo ($$$). Mas navegando por ai, fiquei sabendo que vai rolar um festival de boulder na Pedra da Boca, Paraíba. Eu já dei uma passadinha por lá no final do ano passado e pude provar um pouquinho do que eles têm de boulder por lá, e gostei! Quem sabe não vai ser esse o caminho das pedras esse carnaval? Fica a dica!

Postado por Neudson em : Boulder, Dicas, Evento, notícias

10b aos 9 anos!

24
jan
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Parece que os recordes de Adam Ondra estão fadados a cair mais cedo do que se imaginava, e o primeiro já se foi.

O jovem italiano Tito Claudio Traversa encadenou nos últimos dias seu primeiro 10b (8b Fr) e se tornou o escalador mais jovem a mandar uma via nessa dificuldade, isso com apenas 9 anos e 1,35m de altura!

Ondra tinha conseguido a mesma façanha, mas com a idade de 11 anos. Isso dá ao italianinho tempo de sobra pra encadenar seu primeiro 9a, algo que Ondra conseguiu 2 anos depois do seu primeiro 8b, com 13 anos de idade.

Pra quem não se lembra do Tito, vou repostar o vídeo dele destruindo um 10a (8a+ Fr)!

Postado por Neudson em : Escalada Esportiva, Videos, notícias

Vídeo: BD Profile – Paul Robinson

22
jan
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Em tempos de chuva aqui no estado do Ceará (é, no Ceará chove sim, e muito), não tem muito jeito a não ser ficar em casa assistindo tudo quanto é vídeo de escalada pra tentar manter a motivação em alta. E um bom que eu achei nessas andanças é esse vídeo com o Paul Robinson em Ticino, na Suiça. Confiram ele encadenando alguns boulders e falando um pouco de si.

Postado por Neudson em : Videos, escaladoras

Mammut 150 anos

21
jan
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Taí um negócio que eu não sabia, que a fabricante de equipamentos de montanhismo Mammut já estava completando 150 anos de atuação no mercado. E pra comemorar essa data mais do que especial a Mammut está com uma grande promoção/competição: The Ultimate Testevent.

A Mammut vai selecionar 150 times para escalar simultaneamente 150 picos ao redor do mundo. As equipes selecionadas serão completamente equipadas com produtos Mammut que serão testados  durante as expedições.

Para participar, você tem que acessar o site do evento e criar uma montanha virtual e pedir para seus amigos apoiarem a montanha, que irá crescer com cada novo suporte. As montanhas mais altas irão poder inscrever seus times que serão selecionados por um juri de montanhistas.

Eu criei um pico no site e inscrevi uma montanha cearense. Vamos ver se ela consegue subir bem alto pra entrar nessa jogada. Não custa nada tentar! Fiquem abaixo com o vídeo de apresentação da promo.

Postado por Neudson em : Dicas, Sites e Blogs

Resposta aos comentários

13
jan
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Recentemente, os assunto do acidente de Bernardo Collares tem dominado as listas de discussão e muitas pessoas têm se mostrado indignadas com a decisão de não tentar um resgate do escalador. A maioria parece não ter conhecimento do universo da escalada, e não perceber as reais razões do resgate ter sido deixado de lado. Algumas pessoas tem até mesmo atacado a comunidade de escaladores achando-nos desunidos e acomodados. Eu não tenho tantos argumentos para justificar a falta de resgate, mas consigo entender, com o que eu conheço, que um resgate seria praticamente impossível. Mas para responder de vez esse tipo de comentário, reproduzo aqui o email do escalador Mauricio Clauzet, na lista da HangOn, deixando de forma clara o porque de não haver resgate.

Bom, eu também até agora não havia escrito nada, pois como o Felipe, é muito triste escrever sobre isso. Chega a ser difícil escrever.

Primeiro, respeito muito a vontade da família de resgatar o corpo, pois não sei bem porquê, isso acaba sendo um conforto, não sei.

Por outro lado, vejo que na maioria das vezes que a imprensa e até alguns colegas escaladores falam de “um resgate”, mas é visível que não tem um completo entendimento do ambiente lá, das condições e da sua dinâmica.

Já estive lá, conheço a área, e além de outras escaladas/tentativas em agulhas menores e menos comprometidas, em 2006 fiz com a Roberta e com o Dalinho uma tentativa no Fitz, pela Franco-Argentina (em tese a mais curta e mais fácil das vias) e não fomos longe, nem além da Brecha de los Italianos. Em ano anterior, a Rober escalou entre 60 e 75% da Afanassief com Jose Peres e posteriormente o Ed o Val e mais um argentino repetiram em 2006, temporada que eu estava lá, essa via na íntegra, depois de mais de 20 anos sem repetição desde a sua conquista. Já vi muitas fotos da via e conversei com eles, então apesar de nunca ter ido lá propriamente, tenho uma boa idéia da via e do seu acesso. Seu acesso já não é simples, e é longe. É a via mais longa do Fitz, vertical e nela predomina rocha e há pouca escalada em gelo.

Primeiro, a mais de 3000m na Patagônia, e depois de uma tempestade, mesmo para uma pessoa gozando de total saúde seria difícil sobreviver a mais de 2 noites exposto na parede. Assim, eu não acredito que o Bernardo esteja ainda vivo esperando por um resgate. A Kika é instrutora da NOLS e assim já teve que fazer no mínimo 2 cursos, o Wildernes First Responder e o Wilderness First Atendant, e eu já fiz o Wilderness First Responder, o mais básico, que é um curso excelente. O First Responder é mais aprofundado ainda e com carga horária maior, e assim, quando a Kika fala de bacia quebrada e hemorragia interna eu estou seguro de que ela sabe do que está falando. Nessa condição, sobreviver 2 noites lá já seria um milagre, quanto mais uma semana. Assim, eu considero que não há nem a mais remota possibilidade do Bernardo estar lá com vida.

Partindo desse pressuposto, considero totalmente irracional pensar em um resgate do corpo em algum lugar da parede do Fitz. Recentemente, quando estive no Ama Dablam, um helicóptero foi resgatar 2 escaladores presos na parede e se estabacou, morreram os 2 tripulantes mais um dos escaladores. E além das pessoas mortas, agora está lá um monte de lixo na encosta/gelo da montanha, inclusive com combustível e outros materiais tóxicos. Os 2 únicos piloto e engenheiro do Nepal, que tinham sido treinados na Suíça para resgate em montanha, morreram e assim o Nepal também perdeu um enorme capital humano. Tirar alguém da parede do Fitz de helicóptero é tão ou mais perigoso que ir lá escalar. Ir lá escalar por sua escolha é uma coisa, ir lá em uma missão atrás de um corpo é outra.

O Fitz é vertical e açoitado por ventos fortíssimos e em rajadas, criando todo tipo de confusão, zonas de alta e baixa pressão, rotores e vortex. Eu considero suícidio chegar de helicóptero perto da parede lá a não ser que não haja vento nenhum, algo praticamente impossível por lá como sabemos. Mesmo em uma janela boa para escalar, não acho que seja boa o suficiente para chegar de helicóptero na parede com um resgatista pendurado por cabo embaixo. Apesar de não ter o problema da altitude do Ama Dablam, considero o Fitz muito mais arriscado. Assim, não vejo o menor sentido em se gerar toda essa revolta por não quererem ir lá de helicóptero resgatar o corpo. Eu apoio os resgatistas que não querem ir lá. Entendo que isso seja difícil de aceitar, principalmente para os familiares próximos, mas é a realidade da situação.

A única coisa que poderia ter feito a diferença acredito que seria eles terem um rádio HT VHF e conseguissem comunicar o Parque assim que ocorreu o acidente, mas isso também poderia ser um tiro pela culatra, pois nesse caso a Kika poderia ter ficado lá esperando um resgate que eventualmente não chegaria, e aí seriam 2 e não 1. Ademais, nas escaladas Patagônicas extremas como essa, cada grama de peso é de se avaliar, e eu também não teria levado um rádio, mesmo se tivesse, para escalar a Afanassief.

Nós escaladores, temos que entender muito bem o significado da palavra comprometimento. Existem escaladas onde realmente estamos “pondo o nosso na reta”, e se algo der errado, as consequencias podem ser as piores. O complicado, são casos como o das expedições comerciais ao Everest e cia, onde os “clientes” tem uma falsa sensação de segurança e não conseguem ver a exposição aos riscos e o comprometimento. Tanto o Berna como a Kika tinham consciência de onde estavam se metendo. Escalar lá é realmente se projetar profundamente no remoto, no wild, no never never land. A sensação é que você está longe, muuuuito longe, e já considero um milagre a Kika ter conseguido descer de lá sozinha. A Kika é uma puta guerreira, quase inacreditável. Qualquer um que questione a decisão dela de descer ao invés de ficar, de duas uma, ou não tem a menor noção de onde eles estavam e das condições, ou é uma besta, e em ambos casos deveria ficar quieto. A Kika merece todo nosso respeito e acima de tudo nosso apoio, pois se doi na gente aqui e estamos tristes, eu não consigo nem imaginar a condição emocional dela depois de todo esse processo. Processo mesmo, pois não foi só tomar as decisões, descer sozinha e chegar no chão com um toco de corda, voltar tudo… todo esse pós chegar em Chaltén também não está sendo fácil. Temos que dar todo nosso apoio e carinho a ela.
Assim, aproveito pra dizer, que se um dia eu ficar pela montanha, me deixem por lá por favor.

Tenho certeza que o Bernardo ao entender que ia ficar por lá, passou para o lado de Lá em Paz, com a tranquilidade que só uma pessoa com o seu desapego e tendo vivido tanto a vida como ele conseguiria ter nessa hora.

Como já dito, o melhor que temos a fazer é lutar pro trabalho/legado do Berna não se perca, que cada um de nós tenha a vitalidade e a energia que ele punha na sua própria vida. Que seja uma inspiração de trabalho pelo montanhismo e também como pessoa e brother, que é tão querido não é a toa.

Buenas olas

ToNTo

Postado por Neudson em : Texto

127 horas

12
jan
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Ontem eu não consegui aguentar à espera do filme sobre o escalador Aaron Ralston chegar nos cinemas e resolvi assistir uma versão baixada da internet, com qualidade satisfatória, e tenho que dizer que o filme é realmente muito bom.

Pra quem quer assistir achando que tem algo a ver com escalada, o aviso: não tem! Mas história de determinação é algo que nós escaladores  sempre conseguimos nos conectar, então vale a pena!

O filme conta a conhecida história de Aaron Ralston, que no que poderia ser um acidente bobo, acaba ficando numa situação muito complicada. Ao cair enquanto descia uma pequena abertura na pedra, um bloco se solta e cai junto com ele, deixando seu braço direito preso. A partir desse momento vão se passar 127 horas até que Aaron consiga se livrar, cortando o próprio braço, e sair dali com vida.

O filme começa bem pra cima, cores saturadas, aventura, ação, alegria. Aaron é um cara de bem com a vida, confiante de si mesmo. Alguém que valoriza ficar sozinho (tanto que parte para suas aventuras sem dizer à niguém), e alguém que é completamente apaixonado pela natureza. Isso fica claro quando o vemos correr seus dedos pela pedra nua e apreciar a sensação que isso traz.

Mas quando ele fica preso, o filme fica angustiante. Acompanhar todas as tentativas infrutíferas de Aaron de se libertar, por mais elaboradas e inteligentes que sejam,  todas as artimanhas para se manter vivo, sem comida, sem muita água e com temperaturas bastante baixas à noite, é realmente tenso. Mas mais do que acompanhar esses momentos, o filme é uma viagem pela cabeça de Aaron durante todo esse tempo. Suas lembranças, seus pensamentos, seus devaneios. E é incrível até onde a cabeça de alguém pode parar numa situação como essa.

No final das contas, a grande revelação do filme, fica por conta do que motivou Aaron a tomar a  decisão de cortar o próprio braço. Eu tenho que dizer que fiquei emocionado, por que acho que seria algo que também  traria à tona em mim o mesmo espírito de coragem e determinação.

Mas pra mim, o final do filme deixou uma lição que Aaron aprendeu: quando for se aventurar, sempre avise pra onde vai!

Postado por Neudson em : Resenhas, Videos, filmes

Vídeo: Reach Trailer 2

6
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E saiu mais um trailer do filme da Rogue State Films, que conta com a participação de Felipe Camargo, ao lado de outros monstros como Dave Graham e Daniel Woods. Esse está com mais ação, e mais algumas cenas de Felipe em Ubatuba! Tá chegando, é em fevereiro! Confiram!

Postado por Neudson em : Videos

Bernardo Collares morre no Fitz Roy

5
jan
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Tomei um susto agora a pouco lendo essa notícia no Escalada Café, não por que eu conhecesse o Bernardo Collares, mas por que conhecia parte do trabalho dele e sabia da sua importância para o montanhismo nacional. Realmente uma grande perda para a comunidade de escaladores brasileira. Reproduzo abaixo a nota de André Ilha dando conta do falecimento.

“Oi gente,

Tenho, infelizmente, a pior notícia do mundo para dar para vocês: a morte do nosso querido amigo e presidente da FEMERJ Bernardo Collares.

As informações de que disponho são ainda muito parciais, mas ele aparentemente chegou ao cume do Fitz Roy com a Kika Bradford e sofreu um acidente em, talvez, um dos primeiros rapéis (já que eles estavam a 35 enfiadas de altura) e quebrou a bacia, além de sofrer uma hemorragia não sei onde. Ele não conseguia se mexer e, nessas condições, é óbvio que a Kika não tinha o que fazer a não ser descer para tentar obter socorro e, claro, não morrer também. Ele próprio falou para ela descer…

Evidentemente a descida dela foi lenta e dramática, mas felizmente sem novos acidentes, e quando ela chegou a El Chalten deu a notícia e desabou em choque. Havia muita gente competente por lá, inclusive o Serginho Tartari, Rolo Garibotti, guias profissionais da Europa, médiocos, mas todos concordaram que não fazia sentido ir até lá tanto tempo depois (passaram-se duas noites, uma com tormenta, e o Bernardo estava sem água, comida e o saco de dormir estava molhado…), em más condições, até porque não havia como retirar alguém quase do cume do Fitz com fratura de bacia a não ser de helicóptero, e não havia helicóptero com piloto experiente por perto… Isso é tudo o que sei por enquanto, não sei nem em que vias eles estavam.

Além do grande amigo de tantos de nós, o Montanhismo brasileiro fica, assim, de luto e órfão de um dos mais – se não o mais - importantes agentes da organização do nosso esporte e do reconhecimento de sua importância perante os olhos das autoridades públicas.

A perda é irreparável em todos os sentidos, e nem sei mais o que falar nesse momento.

Abraços e beijos,

André Ilha

P. S.: vou sentir muita falta, dentre tantas outras coisas, daqueles e-mails dele cheios de reticências…”

Postado por Neudson em : alta montanha, notícias

Trip Serra Caiada

5
jan
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Eita final de ano corrido. Depois que voltei de Serra Caiada não consegui parar pra escrever sobre a trip, mas agora chegou a hora.

Desde o encontro de escaladores em Brejo, que eu não pude ir por falta de tempo ($$$), que eu tava na fissura por uma trip. O pessoal da Fábrica de Monstrinhos já tinha meio que pré-combinado a ida pra Serra Caiada, no recesso entre o Natal e o Ano Novo, mas eu ainda não sabia se ia rolar. Chegando mais perto a data, eu ainda estava achando meio difícil de ir, mas como esse tipo de coisa não dá pra ficar pensando muito, resolvi logo fechar minha ida e pegar a estrada com o pessoal.

Saímos de Fortaleza (eu, Mario, Damito e Minhoka) às 5 da manhã do dia 26. Dos 4 no carro, apenas o Mario já conhecia a Serra Caiada, mas ele tinha ido lá quando estava começando a escalar. Então, pra todos, a expectativa era grande.

(mais…)

Postado por Neudson em : Pessoal, Relato